quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A prisão de Marx, em Bruxelas.


No dia 3 de março de 1848, Marx recebe ordem para deixar a Bélgica em 24 horas. Naquela noite, um comissário de policia, com dez guardas, invade a casa de Marx e o levam preso alegando “falta de documentos”. No dia 8, o La Reforme publica carta do “ex-prisioneiro” relatando os fatos, inclusive a prisão de Jenny que é levada e “trancada em uma sala escura com prostitutas”. A seguir, o trecho final da carta.

“Imediatamente após a minha prisão, minha esposa foi à casa do Sr. Jottrand, Presidente da Associação Democrática de Bruxelas, para pedir que ele tomasse as medidas necessárias. No retorno para casa, ela encontrou em sua porta um policial que contou a ela, com impecável polidez, que se ela queria falar com o Sr. Marx, ela devia apenas segui-lo. Minha esposa aceitou a oferta animadamente. Ela foi levada para a delegacia e o comissário, primeiramente, contou que o Sr. Marx não estava lá; depois ele brutalmente perguntou quem era ela, por que ela tinha ido à casa do Sr. Jottrand, e se ela tinha documentos com ela. Um democrata belga, Sr. Gigot, acompanhou minha esposa até a delegacia com o guarda municipal, e quando ele protestou fortemente contra as questões insolentes e absurdas do comissário, ele foi silenciado por guardas que o prenderam e o jogaram em uma cela. Minha esposa, sob a acusação de “vagabundagem”, foi levada para a prisão em Hôtel de Ville e trancada em uma sala escura com prostitutas. Às 11 horas da manhã, ela foi levada, sob escolta policial e à luz do dia, para o escritório do magistrado responsável. Por duas horas, ela foi mantida sob forte custódia, apesar dos mais vigorosos protestos emitidos por todos os lados. Ela foi mantida lá, no frio congelante, exposta aos comentários mais vergonhosos feitos pelos policiais.
Finalmente ela apareceu perante o magistrado responsável, que estava surpreso porque a polícia, em sua solicitude, não prendeu ao mesmo tempo as crianças. O interrogatório foi, naturalmente, uma fraude, e o único crime de minha esposa consiste no fato de que, apesar de pertencer à aristocracia prussiana, ela possui as mesmas opiniões democráticas de seu marido.
Eu não entrei em todos os detalhes desse caso revoltante. Eu meramente devo adicionar que, quando fomos soltos, as 24 horas dadas já tinham se passado, e nós tivemos que sair sem levar o mais essencial de nossos pertences.
Karl Marx,
Vice-Presidente da Associação Democrática de Bruxelas”

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