domingo, 31 de julho de 2011

Comunismo versus Taylorismo


Moishe Postone, professor de história da Universidade de Chicago, no excelente texto “Necessidade. Tempo e Trabalho” – http://obeco.no.sapo.pt/mpt2.htm - defende tese que a permanência do modo industrial de produção capitalista inviabiliza a construção de uma sociedade socialista: “A superação do capitalismo não pode, portanto, ser considerada em termos da continuação linear do modo industrial de produção ao qual ele deu origem”.
 O fracasso na implantação do “socialismo soviético” parece validar a tese de Postone. Segue texto ( em espanhol) de Lênin que recomenda a “adaptação do taylorismo” ao Poder Soviético. Resultado: onde foi parar o socialismo/comunismo russo ?
“En comparación con las naciones avanzadas, el ruso es un mal trabajador. Y no podría ser de otro modo bajo el régimen zarista y con la vitalidad de los restos del régimen de esclavitud. Aprender a trabajar –ésta es la tarea que el nuevo Poder Soviético debe poner en toda su envergadura ante el pueblo. La última palabra del capitalismo en este aspecto, el sistema Taylor – tal como todos los progresos del capitalismo-, reúne en sí toda la crueldad de la explotación burguesa, y una serie de riquísimas conquistas científicas en el campo del análisis de los movimientos mecánicos del trabajo, la supresión de los movimientos superfluos e inhábiles, la elaboración de los métodos más correctos, la introducción de los mejores sistemas de registro y control. La República soviética debe adoptar a cualquier costo las conquistas más valiosas de la ciencia y de la técnica en este campo. La posibilidad de realizar el socialismo está determinada precisamente por nuestros éxitos en la combinación del Poder Soviético y de la organización soviética de la administración con los últimos progresos del capitalismo. Tiene que crearse  en Rusia el estudio y la enseñaza del sistema de Taylor, y su experimentación  y adaptación sistemáticas. (...)”

sábado, 30 de julho de 2011

Notícias de Antiguidade Ideológicas. DVD I


Em 18 de julho, o SESC Pinheiros – São Paulo/SP – promoveu uma maratona de 9 horas e meia para a exibição do filme do cineasta alemão Alexandre Kluge “Notícias de Antiguidades Ideológicas: Marx, Eisenstein, O Capital”. Comprei os 3 DVDs e vou começar a assistir hoje e postarei os comentários de cada DVD.
A seguir, o sumário do DVD I.
Marx e Eisenstein na mesma casa. O que Eisenstein queria filmar ? Trata-se de suas anotações sobre a “cinematização” do Capital. Como soam no ano de 2008 textos que Karl Marx escrevera há quase 150 anos? Trata-se de uma aproximação pelo ouvido. Onde se situa a fronteira entre Antiguidade e Modernidade quando se trata de ideologia? 1929 ? 1872 ? Antes? Como o dinheiro, caso pudesse pensar, se explicaria? O capital pode dizer “eu”? Dietmar Dath sobre o famoso livro de Marx. Sophie Róis sobre dinheiro, amor e Medeia.”

domingo, 24 de julho de 2011

Notícias de Antiguidades Ideológicas:Marx, Eisenstein, O Capital


Em 18 de julho, o SESC Pinheiros – São Paulo/SP – promoveu uma maratona de 9 horas e meia para a exibição do filme do cineasta alemão Alexandre Kluge que dá titulo a esta postagem.
Reproduzo a seguir alguns trechos da excelente matéria de Antonio Gonçalves Filho, no Estadão, sob o titulo “Marx na tela: alemão retoma o sonho de Eisenstein e filma O Capital”.
“Filmado em plena crise econômica de 2008, é o projeto mais radical de renovação do cinema, levado a cabo por um diretor associado à criação do Novo Cinema Alemão, nos anos 1960.
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Fazer um filme sobre O Capital é o mesmo que filmar a lista telefônica, com o agravante de que a última ainda permite certo tipo de representação que o ensaio econômico-filosófico de Marx não suporta. Kluge sabia disso desde o começo — ou seja, desde que decidiu concretizar um projeto nunca realizado pelo cineasta russo Serguei Eisenstein, diretor de clássicos como O Encouraçado Potemkin (1925) e Outubro, o filme mais caro bancado pelo governo revolucionário da ex-URSS.

Ao terminar Outubro, em 1927, Eisenstein ficou dois anos com a ideia fixa de filmar O Capital seguindo a estrutura formal literária usada por James Joyce para escrever seu Ulisses. Em 1929, decidido a contar com sua colaboração, procurou o autor irlandês em Paris que, já cego, foi de pouca de ajuda.
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Mais do que fornecer respostas à crise econômica mundial, seu filme fala de gente que se vê como dinossauro — mas que ainda acredita no projeto iluminista da Escola de Frankfurt, como o jovem marxista Fred Walhasch, que escreve para jornais estrangeiros e elabora dossiês. Walhasch diz no filme: "Vivo como o próprio Marx. Ninguém me quer".
Ninguém quer igualmente filmes de 9 horas e meia. Vivemos numa sociedade de espetáculo — e filmar O Capital exige coragem e determinação para ir contra essa tendência e reconstruir a arte cinematográfica de autores como Eisenstein, Murnau, Lang e Bergman. Ao desenterrar o projeto do filme do russo, Kluge tinha em mente unir a filosofia de Kant, Adorno e Habermas — naturalmente atento às inovações sintáticas da literatura de Joyce e à montagem por associações do cinema de Eisenstein.
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O olho selvagem da câmera penetra na realidade do processo de produção, enquanto o narrador conta a história dos objetos e demonstra, como queria Marx, que uma mercadoria não tem nada de trivial, que ela está cheia de metafísica, de conteúdo teológico.”

sábado, 23 de julho de 2011

Os 90 anos do PC Chinês.


21 de julho de 1921. O jovem (28 anos) filho de camponeses Mao Tsé-Tung fundava, em Xangai, o Partido Comunista Chinês. 21 de julho de 2011, Xangai, ao contrário de Pequim, não tem decoração comemorativa dos 90 anos do PCC. Mas, tem o porto mais movimentado do mundo, os edifícios gigantes envidraçados, uma ponte de 32 km em construção e inaugurou, no final de junho, o trem bala que faz a ligação com a capital em 5 horas, reduzindo em 6 horas o percurso. Nos centros comerciais, grifes famosas como Louis Vuitton, Rolex, D&G. A casa onde Mao se reuniu, na área de concessão francesa, virou um museu. Parece que o sonho comunista de Mao também foi guardado em Museu – O Nacional da China – que abriga uma super exposição comemorativa dos 90 anos do PCC. Já na China real..................

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Marx e o poder do dinheiro.


Quatro anos antes do “Manifesto”, entre abril e agosto de 1844, Marx escreve os “Manuscritos Econômicos-Filosóficos”. No terceiro manuscrito faz uma observação, cuja validade resistiu aos dois séculos, sobre o poder  do dinheiro :  “sou feio mas posso comprar a mais bela mulher”. Segue um aperitivo, mas vale conhecer a íntegra: www.marxists.org/portugues/marx/1844/ manuscritos/ cap06. htm
“O que existe para mim através do dinheiro, aquilo por que eu posso pagar ( o que o dinheiro pode comprar), tudo isso sou eu, o possuidor de meu dinheiro. Meu próprio poder é tão grande quanto o dele. As propriedades do dinheiro são as minhas próprias (do possuidor) propriedades e faculdades. O que eu sou e posso fazer, portanto, não depende absolutamente de minha individualidade. Sou feio, mas posso comprar a mais bela mulher para mim. Consequentemente, não sou feio, pois o efeito da feiúra, seu poder de repulsa, é anulado pelo dinheiro. Como indivíduo sou coxo, mas o dinheiro proporciona-me vinte e quatro pernas; logo, não sou coxo. Sou um homem detestável, sem princípios, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é acatado e assim também o seu possuidor. O dinheiro é o bem supremo, e por isso seu possuidor é bom. Além do mais, o dinheiro poupa-me do trabalho de ser desonesto; por conseguinte, sou presumivelmente honesto. Sou estúpido, mas como o dinheiro é o verdadeiro cérebro de tudo, como poderá seu possuidor ser estúpido? Outrossim, ele pode comprar pessoas talentosas para seu serviço e não é mais talentoso que os talentosos aquele que pode mandar neles? Eu, que posso ter, mediante o poder do dinheiro, tudo que o coração humano deseja, não possuo então todas as habilidades humanas? Não transforma meu dinheiro, então, todas as minhas incapacidades em seus contrários?”

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Estado, na visão de Engels.


 A visita, em junho p.p., à exposição “1871, La Commune de Paris, Une histoire moderne” me conduziu a um passeio pelos 20 arrondissements comunardos e despertou a necessidade de ler um pouco mais sobre a Comuna, que Marx considerava um exemplo de ditadura do proletariado. O prefácio de Engels, de março de 1891, da nova edição da “Guerra Civil em França”, foi uma dessas leituras. Selecionei um trecho em que ele faz uma reflexão sobre o Estado.

“Segundo a representação filosófica, o Estado é a «realização da Ideia», ou o reino de Deus na terra traduzido para o filosófico, domínio onde se realizam ou devem realizar-se a verdade e a justiça eternas. E daí resulta, pois, uma veneração supersticiosa do Estado e de tudo o que com o Estado se relaciona, a qual aparece tanto mais facilmente quanto se está habituado, desde criança, a imaginar que os assuntos e interesses comuns a toda a sociedade não poderiam ser tratados de outra maneira do que como têm sido até aqui, ou seja, pelo Estado e pelas suas autoridades bem providas. E crê-se ter já dado um passo imensamente audaz quando alguém se liberta da crença na monarquia hereditária e jura pela república democrática. Mas, na realidade, o Estado não é outra coisa senão uma máquina para a opressão de uma classe por uma outra e, de fato, na república democrática não menos do que na monarquia; no melhor dos casos, um mal que é legado ao proletariado vitorioso na luta pela dominação de classe e cujos piores aspectos ele não poderá deixar de cortar imediatamente o mais possível, tal como no caso da Comuna, até que uma geração crescida em novas, livres condições sociais, se torne capaz de se desfazer de todo o lixo do Estado.”
Íntegra do texto em www.marxists.org/portugues/marx/1891/03/18.htm

domingo, 17 de julho de 2011

Os políticos norte-americanos. A visão de Engels.


Em março de 1891, no prefácio de nova edição da “Guerra Civil em França”, Engels faz uma análise - com distanciamento de duas décadas – da Comuna de Paris. Aproveita para classificar os políticos de Tio Sam no final do século 19. Será que aconteceu mudança substancial no decorrer desses 120 anos? A descrição lembra Brasília dos últimos meses........
“Em parte alguma os «políticos» formam um destacamento da nação mais separado e mais poderoso do que precisamente na América do Norte. Ali, cada um dos dois grandes partidos aos quais cabe alternadamente a dominação é ele próprio governado por pessoas que fazem da política um negócio, que especulam com lugares nas assembleias legislativas da União e de cada um dos Estados, ou que vivem da agitação para o seu partido e são, após a vitória deste, recompensados com cargos. É sabido que os americanos procuram, desde há trinta anos, sacudir este jugo tornado insuportável e que, apesar de tudo, se atolam sempre mais fundo nesse pântano da corrupção. É precisamente na América que podemos ver melhor como se processa esta autonomização do poder de Estado face à sociedade, quando originalmente estava destinado a ser mero instrumento desta. Não existe ali uma dinastia, uma nobreza, um exército permanente — excetuados os poucos homens para a vigilância dos índios — nem burocracia com emprego fixo ou direito à reforma. E, não obstante, temos ali dois grandes bandos de especuladores políticos que, revezando-se, tomam conta do poder de Estado e o exploram com os meios mais corruptos para os fins mais corruptos — e a nação é impotente contra estes dois grandes cartéis de políticos pretensamente ao seu serviço, mas que na realidade a dominam e saqueiam.”

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Rússia. O socialismo que nunca aconteceu.


Gramsci, em texto de julho de 1918, afirma que “o socialismo não se instaura em data fixa, mas é um devir contínuo, um desenvolvimento infinito em regime de liberdade organizada e controlada pela maioria dos cidadãos, isto é, pelo proletariado.” A se julgar pela evolução dos fatos nos 71 anos seguintes – até 1989 – o socialismo jamais foi instaurado na falecida URSS e o “devir contínuo” foi destruído pela ditadura, não do proletariado, mas de Stalin. Profecia, em economia política, é sempre um risco. Vide a de Engels, em 1892, em “Do Socialismo Utópico ao Científico”: “Há já quatrocentos anos que a Alemanha foi o ponto de partida do primeiro grande levantamento da classe média da Europa: no ponto em que estão as coisas, será despropositado pensar-se que a Alemanha venha a se tornar também o cenário do primeiro grande triunfo do proletariado europeu?”
A seguir , 2 trechos relevantes do artigo do Gramsci, cuja íntegra pode ser acessada em www.marxists.org/portugues/gramsci/1918/07/25.htm

“Na Rússia patriarcal não podia haver a concentração de seres humanos que existem num país industrializado, e que são condição para que os proletários se conheçam uns aos outros, se organizem e adquiram consciência da sua força de classe a pôr ao serviço dum objetivo humano universal. Um país com uma agricultura extensiva isola os indivíduos, torna impossível uma consciência igual e generalizada, torna impossível a unidade social proletária, a consciência concreta de classe que dá a medida da sua força e a vontade de instaurar um regime permanentemente legitimado por essa força.”
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“Este é o ímpeto vital da nova história russa. Que há nele de utópico? Onde está o plano preestabelecido que se quer realizar contra as condições da economia e da política? A revolução russa é o domínio da liberdade: a organização funda-se espontaneamente, não pelo arbítrio dum “herói” que se impõe pela violência. É uma elevação humana contínua e sistemática, que segue uma hierarquia, que cria os organismos necessários da nova vida social.
Mas então, não é socialismo?... Não, não é socialismo no estúpido sentido que os filisteus construtores de projetos mastodônticos dão à palavra; é a sociedade humana que se desenvolve sob o controle do proletariado. Quando ele estiver organizado na sua maioria, a vida social será mais rica de conteúdo socialista do que é agora, e o processo de socialização intensificar-se-á e aperfeiçoar-se-á continuamente. Porque o socialismo não se instaura em data fixa, mas é um devir contínuo, um desenvolvimento infinito em regime de liberdade organizada e controlada pela maioria dos cidadãos, isto é, pelo proletariado.”

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Estética Marxista e o Surrealismo de Breton.


O Prof. Marcelo da Rocha Silveira constrói um interessante “Trabalho de Estética” sobre a convergência de pensamento do criador do Surrealismo com as teses do velho Karl. Breton foi membro do PCF e aliado explícito de Trotsky. Vide dois trecho do trabalho. Íntegra em: www.scribd.com/doc/49505957/Trabalho-de-Estetica-Marxista-e-Surrealismo

“A convergência de ideais e pensamentos das teorias de Marx e Breton não é apenas coincidência.Ambos possuíram as influências do pensamento hegeliano e enfrentaram problemas sociais semelhantes, e também procuraram combater a alienação provocada pelos valores burgueses do século XIX e XX. Sem ignorar o fato de Marx também ter sido fundamental na formação de Breton.”

“Para nós, uma aliança moderada entre estas duas vanguardas (realismo e surrealismo) melhor conformariam os objetivos de uma arte de cunho social (proposta marxista), já que o realismo evidenciaria os males a serem combatidos de maneira verdadeiramente eficiente. Ao passo que o surrealismo ajudaria com alternativas mais criativas,mostrando que sonhar é preciso e que o ilusório também existe. Essa aliança traria benefícios as duas artes, resultando em uma arte que reconcilia o homem à sua natureza e o integra em um todo. Surgiria deste casamento uma arte mais racionalmente emocional. Visto que o próprio homem não consegue se abster de apenas uma dessas duas características,  suas criações devem refleti-lo.”
  

Imperialismo "inovador".


Em comemoração aos  150 anos do “Manifesto” (1998), Fernando Haddad publicou  (Editora Vozes) “Em defesa do socialismo”. No capítulo “Perspectivas Concorrentes” fala da tese de Schumpeter – “destruição criativa” – e apresenta uma versão da inovação desmentida pelos avanços dos BRICs e outros emergentes.

“Quando as empresas de uma determinada jurisdição política começam a inovar, elas acabam fortalecendo indiretamente o poder político onde operam que, por sua vez, terá maior liberdade para criar um ambiente jurídico-institucional e de infra-estrutura econômica mais favorável para a atividade inovadora, gerando um processo circular e cumulativo. Dito de outra maneira, o processo de inovação não só gera lucros extraordinários para as empresas, como também, através de uma relação simbiótica com o Estado, gera externalidades que o retroalimentam. Os países capitalistas pioneiros formam então um núcleo orgânico que goza de uma riqueza “oligárquica” não universalizável. Ao contrário, as tendências do processo implicam uma polarização crescente da economia mundial numa zona periférica e numa zona de núcleo orgânico de cuja rigidez raríssimos países conseguem escapar.”

domingo, 10 de julho de 2011

Luta de classes e luta política.


Em 1847, na flor de seus 29 anos, Marx produz uma reflexão sobre luta de classe e luta política, onde afirma que “uma classe oprimida é a condição vital de toda sociedade fundada no antagonismo entre classes”. Assim, a libertação da classe oprimida se daria pela criação de uma nova sociedade. Uma nova sociedade onde todas as classes seriam abolidas, assim como o poder político. A seguir, detalhes da utopia:
“A classe laboriosa substituirá, no curso do seu desenvolvimento, a antiga sociedade civil por uma associação que excluirá as classes e seu antagonismo, e não haverá mais poder político propriamente dito, já que o poder político é o resumo oficial do antagonismo na sociedade civil.
Entretanto, o antagonismo entre o proletariado e a burguesia é uma luta de uma classe contra outra, luta que, levada à sua expressão mais alta, é uma revolução total. [...] Não se diga que o movimento social exclui o movimento político. Não há, jamais, movimento político que não seja, ao mesmo tempo, social.
Somente numa ordem de coisas em que não existam mais classes e antagonismos entre classes as evoluções sociais deixarão de ser revoluções políticas. Até lá, às vésperas de cada reorganização geral da sociedade, a última palavra da ciência social será sempre: "O combate ou a morte: a luta sanguinária ou nada. É assim que a questão está irresistivelmente posta". “

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Delfim confirma projeção de Marx.


Em entrevista à Revista Autodata ( junho 2008) Delfim Netto analisa as projeções de Marx sobre a crise do sistema capitalista e afirma que pelo menos uma se confirma “porque o mundo tem se concentrado de maneira um pouco desagradável : As indústrias, os bancos estão se con­centrando e isso está na linha do Ma­­­nifesto Comunista. Marx é um dos grandes pensadores do século 19 e o que tinha para ser absorvido do marxismo já o foi e faz parte da cultura geral das pessoas.”
Penso que o jornalista Milton Coelho da Graça tem razão – esse Delfim é um marxista infiltrado.......

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Poliglota.


Em setembro de 1980, Paul Lafargue, genro de Marx, escreve “Recordações Pessoais sobre Karl Marx”. Destaca o lado poliglota de Marx:

“Marx lia com perfeição todas as línguas européias e escrevia em três: alemão, francês e inglês, causando admiração aos nativos dessas línguas. “Um idioma estrangeiro é uma arma nas lutas da vida”, dizia muitas vezes. Tinha muita facilidade em adquirir conhecimentos de qualquer idioma. Aos 50 anos, começou a estudar o russo e, ainda que esta língua nada tivesse em comum com a etimologia das línguas que conhecia, em seis meses já lia trechos de escritores e poetas russos, como Gogol, Puchkin e Chtcherín. O que o levou a aprender o russo foi o desejo de ler diretamente os documentos de comissões de inquérito oficiais cuja divulgação era proibida pelo Governo do Tzar em virtude das terríveis revelações que continham. Amigos devotados enviavam essa documentação a Marx,  que, seguramente, foi o único economista da Europa Ocidental que pode conhecê-la.”

terça-feira, 5 de julho de 2011

Marx X Adam Smith X Keynes parte 4


A mais eficaz medida de interesse por um tema na web é o numero de “resultados” em uma busca no Google. Em 6 de janeiro de 2011, eram os seguintes os resultados para Marx – 24,4 milhões; Adam Smith – 11 milhões e Keynes – 13,5 milhões.  Em 3 de março os números eram Marx – 48,7 milhões; Adam Smith – 14,8 milhões; Keynes – 22,3 milhões. Em 18 de maio, Marx – 50,9 milhões; Adam Smith – 15,3 milhões; Keynes – 33,7 milhões. Em 5 de julho, Marx – 91,2 milhões; Adam Smith – 31,7 milhões; Keynes – 52,7 milhões.
A cada dia, o velho Karl é mais revisitado !!!!!!!

 

Marx e Keynes by Delfim.


Um amigo jornalista, companheiro de Partidão dos tempos da UNE, costuma definir Delfim como “um marxista infiltrado”....
Em excelente artigo, Delfim compara Keynes com Marx, critica os seguidores dos dois, o cinismo de ambos ao se apropriarem de idéias anteriores e fala sobre a ambígua relação do primeiro com o segundo.
Pra encerrar, afirma que “a conclusão da obra de ambos não deixa de ser paradoxal e frustrante. Marx comprometeu sua vida estudando o capitalismo e, por isso, não teve tempo de nos ensinar como construir o socialismo; Keynes construiu uma teoria para salvar o capitalismo e terminou com uma receita (“a coordenação estatal dos investimentos para manter o pleno emprego”) que não conseguiu explicar como realizar sem levar a alguma forma de socialismo…”

segunda-feira, 4 de julho de 2011

BBC. O maior pensador do milênio 2.


Em setembro de 1999, a BBC promoveu enquete para indicar os maiores pensadores do milênio. Pra variar, o 1º da lista é o velho Karl. No mês seguinte, o Senador Lauro Campos do PT/DF subiu à tribuna do senado para comentar a enquete:

“Eu queria apenas prestar, com estas palavras improvisadas, uma homenagem àquele que, felizmente, eu ainda vivi o suficiente para ver reconhecido, nessa pesquisa isenta da BBC de Londres, via Internet, escolhido, coroado como o cérebro do milênio.
O filósofo Moses, na Alemanha, escreveu uma carta para um seu amigo dizendo: "Finalmente, você vai ter oportunidade de conhecer Marx. Marx não é apenas Heráclito; ele é Heráclito e Hegel superados; Marx não é apenas Sócrates; Marx é Sócrates superado". E assim por diante. Marx tinha 24 anos de idade.
Parece-me que ninguém, neste milênio e nessa idade, recebeu esses elogios. E era como se ele não tivesse acreditado nesses elogios.
Ele não dormiu sobre os louros, preferiu dormir sobre os livros que lia, deitado no chão de sua casa ou na biblioteca de Londres.”

BBC. O maior pensador do milênio>


Em setembro de 1999, a BBC promoveu enquete para indicar os maiores pensadores do milênio. Pra variar, o 1º da lista é o velho Karl.
A lista
1.    Karl Marx
2.    Albert Einstein
3.    Isaac Newton
4.    Charles Darwin
5.    São Thomas de Aquino
6.    Stephen Hawking
7.    Immanuel Kant
8.    René Descartes
9.    James Clerk Maxwell
10.  Friedrich Nietzche
A matéria de divulgação dos resultados traça uma ligeira biografia do vencedor com destaque para o Manifesto de 1848, os “Manuscritos” e a “obra monumental Das Kapital”. Reproduz uma frase do norueguês Dag Thoresen: “ Karl Marx inspirou milhares de lutas de libertação. Ele é o pai do pensamento político moderno.” Vale lembrar que o 2º da lista era um socialista – vide a postagem
http://marxrevisitado.blogspot.com/2010/12/o-socialista-albert-einstein-parte-1.html

domingo, 3 de julho de 2011

Alan Kardec colega de Karl Marx ?


O titulo acima e o texto abaixo estão transcritos do site http://espiritismoemmovimento.blogspot.com/2009/11/allan-kardec-colega-de-karl-marx.html. Sem comentários.

“Uma tese fantástica – e muito substancial – foi levantada aqui no Brasil, pelo pesquisador espírita Clovis Nunes um dos mais respeitados especialistas de TCI (TransComunicação Instrumental) no mundo. Diz respeito à identidade de um personagem misterioso que aparece no livro "OBRAS PÓSTUMAS", Allan Kardec: um tal Sr. M.
Na mesma mensagem mediúnica, a 30 de abril de 1856, em que o prof. Rivail recebe o primeiro anúncio de sua grandiosa missão de Codificador Espírita, o rapaz misterioso também é mencionado:
“(...) A ti, M..., a espada que não fere, porém mata; contra tudo o que é, serás tu o primeiro a vir. Ele, Rivail, virá em segundo lugar: é o obreiro que reconstrói o que foi demolido”.
Em seguida, Kardec comenta sobre o Sr. M. nestes termos:
“O Sr. M..., que assistia àquela reunião, era um moço de opiniões radicalíssimas, envolvido nos negócios políticos e obrigado a não se colocar muito em evidência. Acreditando que se tratava de uma próxima subversão, aprestou-se a tomar parte nela e a combinar planos de reforma. Era, aliás, homem brando e inofensivo”.
Eram conceitos marxistas tão fortes que Kardec chega mesmo a submeter o caráter do cavalheiro misterioso à apreciação dos mentores espirituais, ao que toma nota de que o Sr. M. tem boas ideias e que é homem de ação, mas é aconselhado a não se envolver com ele, que seria a personificação de um partido, ligado a terríveis acontecimentos que estariam por vir.
Segundo Clóvis Nunes, o Sr. M. é ninguém menos que Karl Marx, o idealizador da doutrina comunista. Ele seria descrito como uma “espada que não fere” (pacífico e brando, conforme o próprio Kardec menciona), em contraponto ao Partido Comunista, personificado nele, “que mata” a pretexto de uma revolução social positiva. A biografia do filósofo comunista confirma a estadia dele em Paris, em conformidade com as datas de referências em "OBRAS PÓSTUMAS".

sábado, 2 de julho de 2011

Leninismo. A quintessência da teoria absolutista do poder.


Norberto Bobbio em seu “Ensaios sobre Gramsci” (Paz e Terra, 2002) critica os marxistas por jamais terem se ocupado do tema central da filosofia política – os limites do poder. E rotula o leninismo de “conúbio de realismo político e de crença no carisma”.

“Uma das razões pelas quais se pode dizer e se deve repetir à exaustão que os marxistas jamais se ocuparam seriamente do problema do Estado ( pois se ocuparam exclusivamente de problemas de estratégia para a conquista do poder) pode ser encontrada na ausência total, em suas obras, do tema central da filosofia política de todos os tempos – os limites do poder. Também as teorias absolutistas, diga-se o que se quiser a respeito, como as de Bodin e de Hobbes, para mencionar os exemplos habituais, não tinham podido evitar o ajuste de contas com o problema dos limites do poder e a sua solução : o poder soberano, por mais que fosse o máximo poder do homem sobre o homem, sempre encontrava as razões de sua própria limitação ou na lei natural-divina (Bodin) ou no pacto social (Hobbes). Não gostaria de me equivocar, mas as únicas teorias políticas às quais é estranho o problema do abuso do poder e de seus limites são a maquiavéilca, na qual o poder é um fim em si mesmo ( o fim do poder é o de conservá-lo, segundo a famosa máxima “cuide pois o príncipe de vencer e manter o estado:os meios serão sempre julgados honrosos e louvados por todos”), e a teoria do poder carismático ilustrada por Max Weber, que se pode associar à tese hegeliana do direito absoluto dos “heróis” ( direito “absoluto” este precisamente no sentido de que não encontra nenhum limite no igual e contrário direito dos demais). Na tese marxista da ditadura do proletariado, interpretada e praticada por Lênin, existem elementos da primeira e da segunda: no que se refere à teoria do Estado, o leninismo é um conúbio de realismo político e de crença no carisma ; portanto é a quintessência da teoria absolutista do poder.”