quarta-feira, 30 de maio de 2018

A onipotência do dinheiro.

Nos “Manuscritos Econômicos-filosóficos” - agosto de 1844, somente publicados em 1932 – Marx  faz, no Terceiro Manuscrito, uma observação instigante sobre o dinheiro. Vale lembrar que 23 anos após, na publicação do  volume I do Capital, é possível constatar uma profunda evolução e o dinheiro é o fetiche supremo. Segue um breve trecho do 3º Manuscrito:
“O dinheiro, já que possui a propriedade de comprar tudo, de apropriar objetos para si mesmo, é, por conseguinte o object par excellence . O caráter universal dessa propriedade corresponde à onipotência do dinheiro, que é encarado como um ser onipotente. . . o dinheiro é a proxeneta entre a necessidade e o objeto, entre a vida humana e os meios de subsistência. Mas, o que serve de medianeiro à minha vida também serve à existência de outros homens para mim. Ele é para mim a outra pessoa.”


domingo, 27 de maio de 2018

O Comunismo antimarxiano.

O sociólogo José de Souza Martins publicou no Valor Económico de 25/05/18 um interessante artigo – “Os miseráveis” – que estimula uma reflexão sobre os desvios dos “tradicionais marxistas” que ainda acreditam na “ditadura do proletariado “- um conceito abandonado por Marx e Engels na idade madura.
A seguir alguns trechos do artigo:
“O sociólogo alemão Max Weber mostrou que o capitalista verdadeiro é o empresário que atende a vocação impessoal de fazer o sistema funcionar. O próprio Karl Marx, autor da primeira teoria cientificamente fundamentada do que é a sociedade capitalista, já havia apontado que o capitalista é um funcionário do capital, e não um senhor feudal da riqueza injustamente acumulada com base em privilégios de mando e dominação. Lucro é outra coisa.”..........................................
“O pseudocapitalismo residual latino-americano e o pseudosocialismo regional, resto de concepções dos fracassos do comunismo antimarxiano, são face e contraface das mesmas insuficiências de compreensão do processo histórico e das limitadas possibilidades da região.”


quinta-feira, 24 de maio de 2018

George Magnus ressuscita Marx

Em agosto de 2011, George Magnus – consultor sênior da União de Bancos Suíços (UBS) – publica artigo no site da Bloomberg com o titulo “Give Marx a chance to save de world economy”. Segue um pequeno trecho.
“Como dizia Marx em O Capital: a razão última de todas as crises reais ainda é a pobreza e o consumo restrito das massas.
Como enfrentar esta crise? Para colocar o espírito de Marx em ação, os dirigentes políticos devem ter como prioridade a criação de postos de trabalho, e considerar outras medidas pouco ortodoxas. A crise não é temporária, e certamente não vai se curar pela paixão ideológica dos governos pela austeridade.”
Magnus é autor de uma frase surrealista sobre Marx: “o velho era um analista bastante sagaz”.



quarta-feira, 23 de maio de 2018

A Burguesia e a Contra-Revolução.

Em dezembro de 1848, Marx publica no Nova Gazeta Renana, uma brilhante análise do comportamento revolucionário da burguesia nas revoluções de 1648 e de 1789. Segue um trecho.
“Não se pode confundir a revolução prussiana de Março, nem com a revolução inglesa de 1648, nem com a francesa de 1789.
Em 1648, a burguesia estava ligada à nobreza moderna contra a realeza, contra a nobreza feudal e contra a Igreja dominante.
Em 1789, a burguesia estava ligada ao povo contra realeza, nobreza e Igreja dominante.
A revolução de 1789 tinha por modelo (pelo menos, na Europa) apenas a revolução de 1648, a revolução de 1648 apenas a insurreição dos Países Baixos contra a Espanha. Ambas as revoluções estavam avançadas um século, não apenas pelo tempo, mas também pelo conteúdo, relativamente aos seus modelos.
Em ambas as revoluções, a burguesia era a classe que realmente se encontrava à cabeça do movimento. O proletariado e as frações da população urbana não pertencentes à burguesia não tinham ainda quaisquer interesses separados da burguesia ou não constituíam ainda quaisquer classes, ou sectores de classes, autonomamente desenvolvidas. Portanto, ali onde se opuseram à burguesia, como, por exemplo, de 1793 até 1794, na França, apenas lutaram pela perseguição  dos interesses da burguesia, ainda que não à maneira da burguesia. Todo o terrorismo francês não foi mais do que uma maneira plebeia de se desfazer dos inimigos da burguesia, do absolutismo, do feudalismo e da tacanhez pequeno-burguesa.
As revoluções de 1648 e de 1789 de modo algum foram revoluções inglesas ou francesas, foram revoluções de estilo europeu. Não foram a vitória de uma classe determinada da sociedade sobre a velha ordem política; foram a proclamação da ordem política para a nova sociedade europeia.
Nelas, a burguesia venceu; mas a vitória da burguesia foi então a vitória de uma nova ordem social, a vitória da propriedade burguesa sobre a feudal, da nacionalidade sobre o provincianismo, da concorrência sobre a corporação, da divisão [da propriedade] sobre o morgadio, da dominação do proprietário da terra sobre o domínio do proprietário pela terra, das luzes sobre a superstição, da família sobre o nome de família, da indústria sobre a preguiça heróica, do direito burguês sobre os privilégios medievais.
A revolução de 1648 foi a vitória do século XVII sobre o século XVI, a revolução de 1789 a vitória do século XVIII sobre o século XVII. Estas revoluções exprimem mais ainda as necessidades do mundo de então do que das regiões do mundo em que se deram, a Inglaterra e a França.”


domingo, 20 de maio de 2018

Marx, o marxismo e a esquerda brasileira.

“Causa perplexidade a sua capacidade analítica, considerando que escreveu quando inexistiam dados factuais adequados. A leitura de Marx, se feita desapaixonadamente, é essencial para todos os que desejarem entender o mundo dos humanos. “ .....................................................................................


“Marx e o marxismo são encantadores como um movimento de ideias, mas deixaram de ser a arquitetura possível de uma nova sociedade. As esquerdas, em geral, não souberam manter aberto esse roteiro histórico. “  Trechos do artigo – título acima - do sociólogo Zander Navarro, no Estado de São Paulo, em 17/05/2018