quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Sufrágio Universal - 1895/2016

Em 6 de março de 1895, 5 meses antes de sua morte (5/8/1895), Engels produz um de seus mais amadurecidos ensaios, ao fazer a introdução de mais uma edição alemã da “A Luta de Classes na França”. O texto, também conhecido como o “testamento de Engels”, faz a defesa do sufrágio universal. Alguns trechos:
“O modo de luta de 1848 está hoje ultrapassado em todos os aspectos.” “Com esta utilização vitoriosa do sufrágio universal entrará em ação um modo de luta totalmente novo do proletariado, modo de luta esse que rapidamente se desenvolveu.” ”A ironia da história universal põe tudo de cabeça para baixo. Nós, os "revolucionários", os "subversivos", prosperamos muito melhor com os meios legais do que com os ilegais e a subversão.”

Nesta 2ª década do século 21, Delfim Netto é defensor permanente do sufrágio universal em sua coluna semanal no Valor Econômico. Vide texto de 22/11/16 : “A insuperável vantagem do sistema democrático de governo é que sua continuidade propicia a única forma de conhecimento seguro a que os homens têm acesso: a experimentação e o erro, um aprendizado que tem custos importantes. O uso permanente do sufrágio universal, com eleições livres e renovação do poder incumbente em tempo certo, corrige endogenamente os seus erros eventuais.”

sábado, 19 de novembro de 2016

Os 3 profetas da descontinuidade.


Na visão de Bruno Le Maire, a partir do conceito de Charles Handy – “pensadores descontínuos”.
1. Karl Marx que pretendeu dar consciência do seu papel histórico a uma das classes que seria a coveira do sistema industrial
2. Joseph Schumpeter que deu consciência do seu papel ao empreendedor inovador
3. Peter Drucker que deu consciência do seu papel ao gestor

“Karl Marx já não move paixões extremadas de um lado e de outro e, por isso, a sua avaliação pode ser feita em sossego utilizando o processador de Gates e não o megafone. Marx foi claramente um dos profetas da descontinuidade.”



quinta-feira, 17 de novembro de 2016

1648 e 1789, by Marx

Em dezembro de 1848, Marx publica no Nova Gazeta Renana, uma brilhante análise do comportamento revolucionário da burguesia nas revoluções de 1648 e de 1789. Segue um trecho.
“Não se pode confundir a revolução prussiana de Março, nem com a revolução inglesa de 1648, nem com a francesa de 1789.
Em 1648, a burguesia estava ligada à nobreza moderna contra a realeza, contra a nobreza feudal e contra a Igreja dominante.
Em 1789, a burguesia estava ligada ao povo contra realeza, nobreza e Igreja dominante.
A revolução de 1789 tinha por modelo (pelo menos, na Europa) apenas a revolução de 1648, a revolução de 1648 apenas a insurreição dos Países Baixos contra a Espanha. Ambas as revoluções estavam avançadas um século, não apenas pelo tempo, mas também pelo conteúdo, relativamente aos seus modelos.
Em ambas as revoluções, a burguesia era a classe que realmente se encontrava à cabeça do movimento. O proletariado e as frações da população urbana não pertencentes à burguesia não tinham ainda quaisquer interesses separados da burguesia ou não constituíam ainda quaisquer classes, ou sectores de classes, autonomamente desenvolvidas. Portanto, ali onde se opuseram à burguesia, como, por exemplo, de 1793 até 1794, na França, apenas lutaram pela perseguição  dos interesses da burguesia, ainda que não à maneira da burguesia. Todo o terrorismo francês não foi mais do que uma maneira plebeia de se desfazer dos inimigos da burguesia, do absolutismo, do feudalismo e da tacanhez pequeno-burguesa.
As revoluções de 1648 e de 1789 de modo algum foram revoluções inglesas ou francesas, foram revoluções de estilo europeu. Não foram a vitória de uma classe determinada da sociedade sobre a velha ordem política; foram a proclamação da ordem política para a nova sociedade europeia.
Nelas, a burguesia venceu; mas a vitória da burguesia foi então a vitória de uma nova ordem social, a vitória da propriedade burguesa sobre a feudal, da nacionalidade sobre o provincianismo, da concorrência sobre a corporação, da divisão [da propriedade] sobre o morgadio, da dominação do proprietário da terra sobre o domínio do proprietário pela terra, das luzes sobre a superstição, da família sobre o nome de família, da indústria sobre a preguiça heróica, do direito burguês sobre os privilégios medievais.
A revolução de 1648 foi a vitória do século XVII sobre o século XVI, a revolução de 1789 a vitória do século XVIII sobre o século XVII. Estas revoluções exprimem mais ainda as necessidades do mundo de então do que das regiões do mundo em que se deram, a Inglaterra e a França.”


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Herdeiro de Marx.

Delfim Netto, em sua coluna de hoje- 8/11/16 - no Valor, mais uma vez cita o velho Karl e de diz “herdeiro desse movimento”. Segue o trecho do artigo:
“Abriu-se, em meados do século XVII, uma narrativa que foi explorada por Adam Smith, Kant, Hegel e aterrissou espetacularmente em Marx, nos meados do século XIX, com uma não solução simples e elusiva: "Exigir de cada um de acordo com a sua capacidade e dar a cada um de acordo com a sua necessidade".
De certa forma, somos todos herdeiros desse movimento que deu início à busca de uma organização social concreta, onde todos tenham plena liberdade (ninguém é submetido à autoridade de outro), plena igualdade (o acidente do local do seu nascimento é irrelevante) e a produção da subsistência material de todos seja cada vez mais eficiente, para que lhes sobre cada vez mais tempo para gozá-las realizando a sua plena humanidade.”


domingo, 6 de novembro de 2016

Marx ressuscitado por George Magnus.

Em agosto de 2011, George Magnus – consultor sênior da União de Bancos Suíços (UBS) – publica artigo no site da Bloomberg com o titulo “Give Marx a chance to save de world economy”. Segue um pequeno trecho.
“Como dizia Marx em O Capital: a razão última de todas as crises reais ainda é a pobreza e o consumo restrito das massas.
Como enfrentar esta crise? Para colocar o espírito de Marx em ação, os dirigentes políticos devem ter como prioridade a criação de postos de trabalho, e considerar outras medidas pouco ortodoxas. A crise não é temporária, e certamente não vai se curar pela paixão ideológica dos governos pela austeridade.”

Magnus é autor de uma frase surrealista sobre Marx: “o velho era um analista bastante sagaz”.