quarta-feira, 27 de abril de 2016

Capitalismo by Marx

O primeiro capítulo do volume 1 de O Capital (1867)  é dedicado à mercadoria. Seguem os dois períodos de abertura do livro:
“A riqueza das sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma "imensa acumulação de mercadorias. A análise da mercadoria, forma elementar desta riqueza, será, por conseguinte, o ponto de partida da nossa investigação.”

“A mercadoria é, antes de tudo, um objeto exterior, uma coisa que, pelas suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Que essas necessidades tenham a sua origem no estômago ou na fantasia, a sua natureza em nada altera a questão. Não se trata tão pouco aqui de saber como são satisfeitas essas necessidades: imediatamente, se o objeto é um meio de subsistência, [objeto de consumo,] indiretamente, se é um meio de produção.”

Capitalismo by Keynes

Philip Kotler, o guru do marketing, reproduz em seu último livro ( Capitalismo em confronto, editora Best Business) a definição de capitalismo de John Maynard Keynes. “ O capitalismo é a extraordinária convicção de que os homens mais sórdidos, com os motivos mais sórdidos, de alguma maneira atuarão em benefício de todos”.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O hegeliano Karl Marx

Uma parcela ponderável dos estudiosos da obra de Marx insiste em identificar dois “Marxs” : o hegeliano da juventude e o da maturidade, que teria “abandonado” a filosofia de seu inspirador. Seguem dois trechos do primeiro fascículo de “Para a Crítica da Economia Política”, de 1859, com o filósofo de Trier no auge de seus 41 anos. A conclusão fica por conta dos leitores.....
“O que distinguia o modo de pensar de Hegel de todos os outros filósofos era o enorme sentido histórico que lhe estava subjacente. Por abstrata e idealista que fosse a forma, o desenvolvimento do seu pensamento não deixava de ir sempre em paralelo com o desenvolvimento da história universal, e esta última, propriamente, não deverá ser senão a prova do primeiro.”
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“Foi ele o primeiro a procurar mostrar um desenvolvimento, um encadeamento interno, na história e, por estranha que agora muita coisa na sua filosofia da história nos possa parecer, a grandiosidade da própria visão fundamental é ainda hoje digna de admiração, quando se lhe comparam os seus predecessores ou mesmo aqueles que depois dele se permitiram reflexões universais sobre a história. Na Fenomenologia, na Estética, na História da Filosofia, por toda a parte perpassa esta grandiosa concepção da história e, por toda a parte, a matéria é tratada historicamente, numa conexão determinada, ainda que também abstratamente distorcida, com a história.”

O 18 Brumário by Engels

Passados 33 anos da primeira edição do “18 Brumário de Louis Bonaparte”, Engels prefacia a terceira edição alemã, em 1885. No texto, compara a “lei” da luta de classes à lei da transformação de energia – uma atitude “iluminista” que colocava a ciência como dominante na hierarquia das atividades humanas. Uma postura presente em toda o obra de Marx – vide o “socialismo científico” em oposição ao “socialismo utópico”, de  Proudhon. Esta obsessão “cientifista” está longe de ser uma exclusividade de Marx – que ficou fascinado com a “Origem das Espécies”, de Darwin – e está presente em todo o pensamento de vanguarda do século 19, inclusive no Positivismo de Comte e mesmo no Espiritismo de Kardec.
A seguir, o trecho selecionado.

 “A França é o país em que as lutas históricas de classes sempre foram levadas mais do que em nenhum outro lugar ao seu termo decisivo e onde, portanto, as formas políticas mutáveis dentro das quais se movem estas lutas de classes e nas quais se assumem os seus resultados, adquirem os contornos mais ousados. Centro do feudalismo na Idade Média e país modelo da monarquia unitária de estados desde o Renascimento a França demoliu o feudalismo na grande revolução e fundou a dominação pura da burguesia sob uma forma clássica como nenhum outro país da Europa. Também a luta do proletariado cada vez mais vigoroso contra a burguesia dominante reveste aqui uma forma aguda, desconhecida noutras partes. Esta foi a razão por que Marx não só estudava com especial predileção a história passada francesa, mas também seguia em todos os seus pormenores a história em curso, reunindo os materiais para os empregar posteriormente, e portanto nunca se via surpreendido pelos acontecimentos.
Mas a isto veio acrescentar-se outra circunstância. Foi precisamente Marx quem primeiro descobriu a grande lei do movimento da história, a lei segundo a qual todas as lutas históricas, quer se desenvolvam no terreno político, no religioso, no filosófico ou noutro terreno ideológico qualquer, não são, na realidade, mais do que a expressão mais ou menos clara de lutas de classes sociais, e que a existência destas classes, e portanto também as colisões entre elas, são condicionadas, por sua vez, pelo grau de desenvolvimento da sua situação econômica, pelo caráter e pelo modo da sua produção e da sua troca, condicionada por estes. Foi também esta lei, que tem para a história o mesmo significado que a lei da transformação da energia para a Ciência da Natureza, que lhe deu aqui a chave para a compreensão da história da Segunda República francesa. Esta história serviu-lhe para pôr à prova a sua lei, e mesmo trinta e três anos depois, temos ainda que dizer que esta prova foi brilhantemente passada. “


sexta-feira, 15 de abril de 2016

O MARX DE FHC

"O Marx de que eu gosto - claro que gosto do Capital - é o do Dezoito Brumário" FHC em seu último livro "A soma e o resto"