segunda-feira, 25 de abril de 2016

O 18 Brumário by Engels

Passados 33 anos da primeira edição do “18 Brumário de Louis Bonaparte”, Engels prefacia a terceira edição alemã, em 1885. No texto, compara a “lei” da luta de classes à lei da transformação de energia – uma atitude “iluminista” que colocava a ciência como dominante na hierarquia das atividades humanas. Uma postura presente em toda o obra de Marx – vide o “socialismo científico” em oposição ao “socialismo utópico”, de  Proudhon. Esta obsessão “cientifista” está longe de ser uma exclusividade de Marx – que ficou fascinado com a “Origem das Espécies”, de Darwin – e está presente em todo o pensamento de vanguarda do século 19, inclusive no Positivismo de Comte e mesmo no Espiritismo de Kardec.
A seguir, o trecho selecionado.

 “A França é o país em que as lutas históricas de classes sempre foram levadas mais do que em nenhum outro lugar ao seu termo decisivo e onde, portanto, as formas políticas mutáveis dentro das quais se movem estas lutas de classes e nas quais se assumem os seus resultados, adquirem os contornos mais ousados. Centro do feudalismo na Idade Média e país modelo da monarquia unitária de estados desde o Renascimento a França demoliu o feudalismo na grande revolução e fundou a dominação pura da burguesia sob uma forma clássica como nenhum outro país da Europa. Também a luta do proletariado cada vez mais vigoroso contra a burguesia dominante reveste aqui uma forma aguda, desconhecida noutras partes. Esta foi a razão por que Marx não só estudava com especial predileção a história passada francesa, mas também seguia em todos os seus pormenores a história em curso, reunindo os materiais para os empregar posteriormente, e portanto nunca se via surpreendido pelos acontecimentos.
Mas a isto veio acrescentar-se outra circunstância. Foi precisamente Marx quem primeiro descobriu a grande lei do movimento da história, a lei segundo a qual todas as lutas históricas, quer se desenvolvam no terreno político, no religioso, no filosófico ou noutro terreno ideológico qualquer, não são, na realidade, mais do que a expressão mais ou menos clara de lutas de classes sociais, e que a existência destas classes, e portanto também as colisões entre elas, são condicionadas, por sua vez, pelo grau de desenvolvimento da sua situação econômica, pelo caráter e pelo modo da sua produção e da sua troca, condicionada por estes. Foi também esta lei, que tem para a história o mesmo significado que a lei da transformação da energia para a Ciência da Natureza, que lhe deu aqui a chave para a compreensão da história da Segunda República francesa. Esta história serviu-lhe para pôr à prova a sua lei, e mesmo trinta e três anos depois, temos ainda que dizer que esta prova foi brilhantemente passada. “


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