terça-feira, 27 de maio de 2014

Piketty versus Delfim


O livro do economista francês Thomas Piketty – “O Capital no século XXI” – além do grande sucesso de vendas no país símbolo do Capital, ocupa páginas e páginas da nossa mídia.
Hoje/27/05/14, o Valor Econômico faz duas chamadas de primeira página para críticas do livro – uma longa matéria do economista Francisco Lopes e a coluna de Delfim Netto. Um pequeno trecho do Delfim:
“O novo livro de Thomas Piketty é uma extraordinária pesquisa histórica. Sua tese, entretanto, pode terminar numa simplificação empobrecedora: a desigualdade entre a taxa real de crescimento do PIB e a taxa de retorno do capital que obviamente não são constantes......... Piketty recolocou, com grande vigor, o velho problema da desigualdade com uma solução que está longe de atrair a unanimidade. “

E por falar em unanimidade fica a frase de Nelson Rodrigues : “Toda unanimidade é burra”.

domingo, 25 de maio de 2014

Marx, Adam Smith e Keynes



  A mais eficaz medida de interesse por um tema na web é o numero de “resultados” em uma busca no Google. Em 25 de maio de 2014, os números eram: Marx – 23,3 milhões; Adam Smith – 442 mil e Keynes – 10,4 milhões.  Faça o teste e confirme – o velho Karl está mais vivo do que nunca, no século 21.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Hoje, o Fetichismo da Mercadoria começa cedo....

Quando Marx criou o conceito de fetichismo da mercadoria, em 1867 – Volume I de O Capital – jamais imaginou os seus limites e até onde ele poderia chegar, neste início de século 21. A seguir dois  trechos do “Fetichismo da Mercadoria e o Seu Segredo “:
A primeira vista, uma mercadoria parece uma coisa trivial e que se compreende por si mesma. Pela nossa análise mostramos que, pelo contrário, é uma coisa muito complexa, cheia de sutilezas metafísicas e de argúcias teológicas.”
“.......a forma mercadoria e a relação de valor dos produtos do trabalho [na qual aquela se representa] não tem a ver absolutamente nada com a sua natureza física [nem com as relações materiais dela resultantes]. É somente uma relação social determinada entre os próprios homens que adquire aos olhos deles a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar algo de análogo a este fenômeno, é necessário procurá-lo na região nebulosa do mundo religioso.”

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Capital no século XIX e no XXI.

O livro do economista francês Thomas Piketty – “O Capital no século XXI” –ganhou repercussão internacional : líder de vendas na Amazon, em processo de tradução para 20 idiomas ( inclusive o português), mais de 300 mil exemplares vendidos nos EUA.
Hoje, o criativo Veríssimo ocupa sua coluna em O Globo com comentário sobre o livro e afirma que “Piketty propõe medidas contra a desigualdade difíceis de imaginar na prática, como a taxação universal de grandes fortunas herdadas e lucros desmedidos”.
Também hoje/22 de maio de 2014, no Valor Econômico, dois colunistas – Ribamar Oliveira e Maria Clara do Prado – fazem referências  a Piketty ao debater a desigualdade no Brasil.
A grande repercussão do livro de Piketty colocou um pouco mais de gás nos debates sobre o pensamento de Marx, que tinha voltado, com toda força, a partir da crise de 2008. Nos últimos 6 anos, dezenas de eventos internacionais foram realizados para “revisitar” Marx e avaliar quais das suas teses ainda eram válidas.
Eu mesmo, participei do II Encontro Internacional Karl Marx, promovido pela Universidade Nova de Lisboa, em outubro de 2013. O objetivo central do evento era debater quais das propostas marxianas permaneciam válidas, em 2013.
Minha palestra - tema aceito pela comissão organizadora – foi sobre o fetichismo da mercadoria – criado por Marx no capítulo 1 do primeiro volume de “O Capital” (1867) – como conceito indutor/precursor do marketing.
Este espaço é restrito para desenvolver esta tese, mas fica o registro de que Marx vivenciou os primeiros momentos do capitalismo ( basta recordar o “capitalismo” brasileiro em 1867......). Vale também a lembrança que, em nenhuma página de “O Capital”, Marx usa a palavra “CAPITALISMO’. A expressão utilizada era “Modo de Produção Capitalista”. Efetivamente, o Capitalismo atinge seu auge no século XXI, com a vivência plena da Sociedade de Consumo e o domínio absoluto do fetichismo da mercadoria. Mas, isso já seria tema para um livro com o mesmo número de páginas do escrito por Piketty e equipe: 900 em francês e 700 em inglês.....


terça-feira, 20 de maio de 2014

O Capital no Século XXI. Uma visão lusa.

João Constâncio, colaborador do jornal português Público, faz uma interessante crítica do livro de Thomas Piketty – líder de vendas da Amazon. Seguem dois trechos, em português de Portugal:

“Felizmente, Piketty não escreve apenas para economistas, nem sequer apenas para especialistas das diversas áreas das ciências sociais e humanas. “A repartição da riqueza é uma questão demasiado importante para ser deixada apenas a economistas, sociólogos, historiadores e filósofos. Ela interessa a toda a gente, e ainda bem”, sublinha na introdução. Por esta razão, não há praticamente nada no livro que não esteja explicado de forma bastante elementar e clara — de tal forma, aliás, que o volumoso calhamaço se lê quase como um romance.
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“O livro é uma história do “capital”, como o título indica. “Capital”, para Piketty, tem um sentido lato (na verdade bastante conforme com o uso comum do termo), e significa o mesmo que “património”, ou “riqueza”: designa todo e qualquer “activo” (financeiro ou não financeiro, produtivo ou não produtivo) em que seja possível investir e que possa, por isso, proporcionar um retorno, seja este um retorno explícito (sob a forma, por exemplo, de rendas, dividendos, juros, ou lucros), seja um retorno implícito (como, por exemplo, a renda de habitação que não se paga quando se tem casa própria). Segundo Piketty, só este conceito de capital (nada usual na ciência económica) permite compreender o capitalismo e estudar a desigualdade económica no sistema capitalista — só esse conceito de capital permite desenvolver os métodos e explorar as fontes que conduzem à compreensão dos mecanismos da distribuição desigual do património, isto é, dos mecanismos que explicam a desigualdade não apenas (e não tanto) como um fenómeno resultante de diferenças salariais (ou de rendimentos do trabalho) quanto de diferenças na repartição da riqueza (e, portanto, no retorno do capital).”

domingo, 18 de maio de 2014

Marx X Piketty. Sinal dos tempos…..

O volume I de “O Capital “ foi publicado em 1867 e levou 5 anos para vender os primeiros
mil exemplares do original alemão. Sua tradução para o inglês aconteceu mais de vinte anos depois. No entanto, a versão inglesa de “O Capital no Século XXI” de Thomas Piketty - publicado em francês, em 2013 – já é um best seller , com quase 300 mil exemplares vendidos e está sendo traduzido para 20 idiomas. Com certeza, o momento pleno do capitalismo está acontecendo no nosso século. E o que virá após o pico??? Respostas no “Das Kapital no século XIX......

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Marx, Piketty, Krugman e Balzac


O livro “Capital no Século XXI”, de Thomas Piketty, está sendo traduzido para 20 idiomas e sua versão em inglês já vendeu mais de 250 mil exemplares, nos EUA. Matéria de capa do Eu & Fim de Semana, do jornal Valor Econômico, registra o comentário elogioso do Nobel Paul Krugman publicado no “The New York Review of Books”. Segundo Krugman, Piketty escreveu um “ livro verdadeiramente soberbo”, por combinar “grande abrangência histórica – qual foi a última vez que você ouviu um economista invocando a Jane Austin e Balzac ? – com detalhada análise de dados”.
Talvez Krugman estivesse se referindo ao velho Karl, fã incondicional de seu contemporâneo Honoré de Balzac (1799-1850). Em fevereiro de 1867, no mesmo ano em que entregou os originais do volume I de O Capital, insistiu com Engels para que lesse “A obra-prima ignorada”, afirmando que se tratava de obra “repleta da mais fina ironia”. Seu genro Paul Lafargue relata que a narrativa de Balzac causou no sogro “grande impacto porque em parte seria uma descrição dos seus sentimentos”.
Marx chegou a afirmar que "A Comédia Humana" tinha sido mais importante para a sua compreensão da sociedade francesa do que os muitos tratados de economia, história e filosofia lidos durante anos. Opinião semelhante foi colocada por Engels em carta, de abril de 1888, à escritora Margareth Harkness, que postarei amanhã.