Eric Hobsbawm nos
deixou em 2012, mas suas ideias serão cada vez mais validadas pelos novos tempos.
Selecionei um pequeno trecho de seu artigo no The Guardian que faz uma reflexão
sobre o que virá depois do capitalismo.
“Seja
qual for o logotipo ideológico que adotemos, o deslocamento do mercado livre
para a ação pública deve ser maior do que os políticos imaginam. O século XX já
ficou para trás, mas ainda não aprendemos a viver no século XXI, ou ao menos
pensá-lo de um modo apropriado. Não deveria ser tão difícil como parece, dado
que a idéia básica que dominou a economia e a política no século passado
desapareceu, claramente, pelo sumidouro da história. O que tínhamos era um modo
de pensar as modernas economias industriais – em realidade todas as economias
-, em termos de dois opostos mutuamente excludentes: capitalismo ou socialismo.Conhecemos duas tentativas práticas de realizar ambos sistemas em sua forma pura: por um lado, as economias de planificação estatal, centralizadas, de tipo soviético; por outro, a economia capitalista de livre mercado isenta de qualquer restrição e controle. As primeiras vieram abaixo na década de 1980, e com elas os sistemas políticos comunistas europeus; a segunda está se decompondo diante de nossos olhos na maior crise do capitalismo global desde a década de 1930. Em alguns aspectos, é uma crise de maior envergadura do que aquela, na medida em que a globalização da economia não estava então tão desenvolvida como hoje e a economia planificada da União Soviética não foi afetada. Não conhecemos a gravidade e a duração da atual crise, mas sem dúvida ela vai marcar o final do tipo de capitalismo de livre mercado iniciado com Margareth Thatcher e Ronald Reagan.
A impotência, por conseguinte, ameaça tanto os que acreditam em um capitalismo de mercado, puro e desestatizado, uma espécie de anarquismo burguês, quanto os que crêem em um socialismo planificado e descontaminado da busca por lucros. Ambos estão quebrados. O futuro, como o presente e o passado, pertence às economias mistas nas quais o público e o privado estejam mutuamente vinculados de uma ou outra maneira. Mas como? Este é o problema que está colocado diante de nós hoje, em particular para a gente de esquerda.
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