quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Estado, na visão de Engels.


 A visita, em junho p.p., à exposição “1871, La Commune de Paris, Une histoire moderne” me conduziu a um passeio pelos 20 arrondissements comunardos e despertou a necessidade de ler um pouco mais sobre a Comuna, que Marx considerava um exemplo de ditadura do proletariado. O prefácio de Engels, de março de 1891, da nova edição da “Guerra Civil em França”, foi uma dessas leituras. Selecionei um trecho em que ele faz uma reflexão sobre o Estado.

“Segundo a representação filosófica, o Estado é a «realização da Ideia», ou o reino de Deus na terra traduzido para o filosófico, domínio onde se realizam ou devem realizar-se a verdade e a justiça eternas. E daí resulta, pois, uma veneração supersticiosa do Estado e de tudo o que com o Estado se relaciona, a qual aparece tanto mais facilmente quanto se está habituado, desde criança, a imaginar que os assuntos e interesses comuns a toda a sociedade não poderiam ser tratados de outra maneira do que como têm sido até aqui, ou seja, pelo Estado e pelas suas autoridades bem providas. E crê-se ter já dado um passo imensamente audaz quando alguém se liberta da crença na monarquia hereditária e jura pela república democrática. Mas, na realidade, o Estado não é outra coisa senão uma máquina para a opressão de uma classe por uma outra e, de fato, na república democrática não menos do que na monarquia; no melhor dos casos, um mal que é legado ao proletariado vitorioso na luta pela dominação de classe e cujos piores aspectos ele não poderá deixar de cortar imediatamente o mais possível, tal como no caso da Comuna, até que uma geração crescida em novas, livres condições sociais, se torne capaz de se desfazer de todo o lixo do Estado.”
Íntegra do texto em www.marxists.org/portugues/marx/1891/03/18.htm

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