quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Homem - um animal político.


Em 1857/58, Marx produz os “Grundrisse”. Segundo estudiosos da obra - entre eles o professor da UFF, Mario Duayer, que traduziu a obra para a Editora Boitempo – os “Grundrisse” foram um laboratório de pesquisa de Marx. “Trata-se de um texto de trabalho, diz Duayer em entrevista ao Estadão, e, por isso, pode conter desenvolvimentos ainda incipientes, posteriormente completados”. “Equívocos,  afirma ainda,há inúmeros de cálculo, que, aliás, o próprio Marx assinala e segue adiante”.Constou basicamente de dois documentos: o Prefácio do livro “Para a crítica da Economia Política” e do texto “Formações econômicas pré-capitalistas” - “Formen”. No “Prefácio”, Marx apontou para as questões da formação das relações sociais de produção e sobre o conflito entre as forças produtivas e as relações de produção, à luz do método do materialismo histórico ou dialético. Selecionei um pequeno trecho em que ele classifica o homem como um animal político e, pra variar, dá uma alfinetada em Proudhon.

“O homem é, no sentido mais literal, um zoon politikon (animal político); não é simplesmente um animal social, é também um animal que só na sociedade se pode individualizar. A produção realizada por um individuo isolado, fora do âmbito da sociedade - fato excepcional, mas que pode acontecer, por exemplo, quando um indivíduo civilizado, que potencialmente possui já em si as forças próprias da sociedade, se extravia num lugar deserto - é um absurdo tão grande como a ideia de que a linguagem se pode desenvolver sem a presença de indivíduos que vivam juntos e falem uns com os outros. Não vale a pena determo-nos mais neste ponto. Nem seria sequer de abordar a questão, se esta tolice - que tinha sentido e razão de ser para os homens do século XVIII -não tivesse sido novamente introduzida, com a maior das seriedades, na economia política moderna por Bastiat, Carey, Proudhon, etc. claro que, para Proudhon, entre outros, se torna bastante confortável  explicar a origem de uma relação econômica cuja génese  histórica desconhece em termos de filosofia da história; e, assim, recorre aos mitos: essa relação foi uma ideia súbita e acabada que ocorreu a Adão ou Prometeu, os quais, em seguida a introduziram, etc. Não há nada mais enfadonho e árido do que o locus communus em derio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário