O professor Mario Duayer - um dos tradutores dos Grundrisse, publicado pela Boitempo em 2011 – levanta polêmica ao traduzir "Mehrwert" por mais-valor ao invés de mais-valia. Veja trecho de sua entrevista ao Estadão, em junho de 2011.
“Tendo em vista o caráter dos Grundrisse, isto é, material de trabalho, extratos, comentários e desenvolvimentos preliminares de sua crítica, a tradução ora publicada adotou o critério de não intervir estilisticamente no texto, de evitar sempre que possível a paráfrase do original. Por isso, não havia como atenuar expressões usadas por Marx que, a nosso ver, simplesmente manifestavam sua irritação com as ideias sob crítica. Com relação aos neologismos, na tradução do alemão dificilmente se pode prescindir deles. A tradução de "Mehrwert" por mais-valor em lugar de mais-valia é teoricamente indiscutível. No entanto, antes de adotá-la consultei vários pesquisadores brasileiros que trabalham no interior da tradição marxista. A opinião unânime foi de que o uso de mais-valor é de fato irreparável do ponto de vista teórico. Não saberia julgar de imediato se a tradução dos Grundrisse poderia contribuir para corrigir falhas nas traduções existentes. Todavia, é preciso sublinhar que muitas traduções dos textos de Marx não se basearam na edição crítica da MEGA (Marx-Engels-Gesamtausgabe ) e, por isso, trazem muitos problemas dos originais produzidos na antiga União Soviética. Esse problema não se restringe às traduções para o português, e explica a publicação de novas traduções em diversos idiomas a partir da MEGA. Diria que a Boitempo é pioneira nessa iniciativa em língua portuguesa.”
Para conhecer um pouco mais o pensamento do Prof. Duayer, leia a sua entrevista à revista IUHonline, da Unisinos:
http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4213&secao=381
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