Em novembro/2011, convidado pela Revista Humanitas Unisinos, Delfim Netto explicita sua tese sobre a antropologia como a mais importante contribuição de Marx nos Grundrisse ( 1844), antes de sua sedução pela leitura de Ricardo. Mais uma vez, Delfim valida a tese do jornalista Milton Coelho da Graça de que é um “marxista infiltrado”. Pra quem ainda duvida, segue a íntegra do comentário:
“Creio que seu interesse se deve à leitura de dois artigos meus publicados no Valor (Homem e Trabalho, 18-10-11) e na Folha de S. Paulo (Trabalho, 19-11-2011), em que escrevi que o problema do desemprego causado pelas crises financeiras tornou-se “o mal social global” e comentei que “uma das construções mais impressionantes de Marx é a sua leitura do papel do trabalho nos Manuscritos de 1844, antes de ele ter sido seduzido pela leitura de Ricardo”.
Esta minha observação se refere simplesmente à antropologia de Marx que está contida nos Manuscritos econômicos e filosóficos que eu considero como a contribuição mais importante de sua obra. E quando eu digo que ele “sofreu” depois uma influência de Ricardo, estou querendo dizer que ele piorou, porque inventou uma metafísica que é um trabalho abstrato e a partir daí, usando a teoria do valor, ele foi se perdendo.
Karl Marx foi seguramente um dos maiores pensadores do século XIX e hoje suas ideias estão totalmente absorvidas. O que o marxismo tinha de bom, de mais importante, é parte integrante da cultura universal, da mesma forma que Hegel, Kant, Einstein foram absorvidos.
Faço votos que vocês se divirtam bastante com essa nova interpretação dos Grundrisse e envio daqui um grande abraço.
Cordialmente, Antonio Delfim Netto.
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