sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Repensar a teoria crítica do capitalismo. Parte 1

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Moishe Postone, professor de história da Universidade de Chicago, tem se dedicado a fazer uma revisita à obra de Marx com a perspectiva do nosso século. Já dediquei algumas postagens aos seus textos e, nos próximos dias, vou postar trechos de sua palestra com o titulo acima. No trecho selecionado, Postone fala da dinâmica histórica do capitalismo – “uma dinâmica que aponta para a possibilidade da sua própria superação”.

“A dinâmica histórica do capitalismo gera incessantemente o que é novo, enquanto regenera o que é o mesmo. Esta dinâmica gera a possibilidade de uma outra organização da vida social, embora entrave a realização dessa possibilidade. Marx compreendeu esta dinâmica histórica com a sua categoria de capital. Com a subsunção real do trabalho, na perspectiva de Marx, o capital torna-se cada vez menos a forma mistificada de poderes que, «de fato», são os dos trabalhadores. Pelo contrário, os poderes produtivos do capital tornam-se cada vez mais poderes produtivos socialmente gerais que não podem mais ser entendidos como apenas os dos produtores imediatos. Esta constituição e acumulação de conhecimento socialmente geral tornam o trabalho proletário crescentemente anacrônico. Ao mesmo tempo, a dialética de valor e valor de uso reconstitui a necessidade de tal trabalho.
Uma implicação desta análise é que o capital não existe como uma totalidade unitária e que a noção marxiana da contradição dialética entre forças e relações de produção não se refere a uma contradição entre relações que são presumivelmente capitalistas (por exemplo, o mercado e a propriedade privada) e as forças que presumivelmente são extrínsecas ao capital (o trabalho). Ao contrário, essa contradição dialética é entre as duas dimensões do próprio capital e está, em última análise, enraizada nas duas dimensões da forma mercadoria. Enquanto totalidade contraditória, o capital é gerador da dinâmica histórica complexa que comecei a delinear – uma dinâmica que aponta para a possibilidade da sua própria superação.”

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