domingo, 12 de fevereiro de 2012

O luterano Marx. Parte 1.


Hirchel Ha Levi, o pai de Marx, de uma família de rabinos teria – pragmaticamente - se  convertido, ao protestantismo para poder exercer sua profissão de advogado.
Assim, aos seis anos o menino Karl foi batizado no luteranismo. Ao que parece, um pouco de Lutero (1483-1546) ficou no inconsciente do jovem. Na Introdução da  “Crítica à Filosofia do Direito de Hegel” (1844-1845) Marx faz um simpático registro do papel de Lutero, embora inicie o texto com crítica à religião.

“Na Alemanha, a crítica da religião chegou, no essencial, ao fim. A crítica da religião é a premissa de toda crítica.”
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“A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião: este é o fundamento da crítica irreligiosa. A religião é a autoconsciência e o autosentimento do homem que ainda não se encontrou ou que já se perdeu. Mas o homem não é um ser abstrato, isolado do mundo. O homem é o mundo dos homens, o Estado, a sociedade. Este Estado, esta sociedade, engendram a religião, criam uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. A religião é a teoria geral deste mundo, seu compêndio enciclopédico, sua lógica popular, sua dignidade espiritualista, seu entusiasmo, sua sanção moral, seu complemento solene, sua razão geral de consolo e de justificação. É a realização fantástica da essência humana por que a essência humana carece de realidade concreta.”

O registro do papel de Lutero é antecedido pela afirmação “o passado revolucionário da Alemanha é, de fato, um passado histórico: é a Reforma. Como então no cérebro do frade, a revolução começa agora no cérebro do filósofo”.

“Sem dúvida, Lutero venceu a servidão pela devoção, mas por que pôs no seu lugar a escravidão mediante a convicção. Abalou a fé na autoridade por que restaurou a autoridade da fé. Transformou os padres em leigos, mudando os leigos em padres. Libertou o homem da religiosidade exterior, fazendo da religiosidade a essência mais intima do homem. Libertou o corpo de seus grilhões porque com grilhões prendeu o coração”.

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