segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O balzaquiano Marx. Parte 3


A tese de Michele Alves de Melo – orientador Prof. Marco Aurélio Coelho de Paiva – apresentada no XX Congresso de Iniciação Científica do Amazonas “ Sociedade e Literatura em Balzac e Marx”, tinha por objetivo uma leitura cruzada entre textos de Balzac e Marx. Não localizei a íntegra do trabalho, mas o seu resumo é bem instigante.

“........Começou-se a compreender a vida e obra dos autores partindo-se do pressuposto de que há um diálogo estreito entre ambos. Buscou-se construir a base teórica para o desenvolvimento da pesquisa a partir da identificação dos pontos de diálogo e influência do autor francês sobre o analista alemão. Apesar de terem nascido em países distintos, os autores têm em seus respectivos contextos culturais semelhanças que os aproximam, posto que, naquele contexto histórico, a ordem mundial passava por mudanças que alcançaram a ambos. Dessa forma, dividiu-se a análise em três capítulos. O primeiro, além de possuir um caráter introdutório, faz uma apresentação de alguns autores que foram escolhidos para embasar a pesquisa. Analisa a obra A pele de onagro, de Balzac, e A ideologia alemã e o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels. Depois de uma discussão e interpretação, notaram-se possíveis afinidades de conteúdo entre eles, como, por exemplo, a interpretação de ambos acerca da gênese das ideias em um ambiente de profundas alterações ocasionadas pela emergência da modernidade. O segundo capítulo analisa as obras O 18 brumário de Luis Bonaparte, de Karl Marx, e Ilusões perdidas, de Balzac. Nesse momento, a análise enredou-se pela contraposição entre as dimensões do ideal e do material. Por fim, no terceiro capítulo, são estudados os Manuscritos econômico-filosóficos parte que discorre sobre o papel e as influências do dinheiro e O capital seção I, Mercadoria e dinheiro de Marx. Além desses textos, também os romances Eugénie Grandet e Ascensão e queda de Cesár Birotteau, de Honoré de Balzac, foram utilizados como fornecedores de elementos a serem cruzados com a análise proposta por Marx. Foi ressaltada, neste sentido, a superestimação do aspecto material em detrimento de valores morais e éticos dos indivíduos.
Finalmente, depois de todas as interpretações discorridas sobre as obras que fundamentam a pesquisa, constatou-se que Karl Marx incorporou elementos centrais da concepção de sociedade contidas nas obras de Honoré de Balzac e que funcionaram como norteadores de seus trabalhos.”

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