György Luckács (1885-1971) iniciou sua trajetória filosófica com Kant, passou por Hegel e chegou ao marxismo – uma caminhada semelhante à do velho Karl. Lukács foi responsável pelo resgate de Balzac nos anos 30, quando a obra do genial autor da Comédie Humaine se encontrava, para os marxistas, eclipsada pelo naturalismo de Émile Zola (1840-1902). Selecionei um texto onde Lukács mostra como Balzac, em quase todos os seus romances, ilustra “a transformação do artesanato primitivo no capitalismo moderno”.
“.......na produção francesa de então, As ilusões perdidas ocupam um lugar insuperável, único. Na realidade, Balzac aqui não se contenta em reconhecer ou ilustrar esta trágica ou tragicômica situação social. Seu olhar penetra nos estratos mais profundos, enfrenta os problemas mais sérios. Adverte que o fim do período heróico burguês na França é ao mesmo tempo também o início da ascensão do capitalismo nesse país. Em quase todos os seus romances Balzac ilustra este fato, a transformação do artesanato primitivo no capitalismo moderno, mostra como o vertiginoso aumento do capital monetário reorganiza a cidade e o campo, como as tradicionais formas e ideais sociais batem em retirada ante a marcha triunfal do capitalismo. Nesse cenário,Ilusões perdidas é um poema tragicômico que trata da “capitalização do espírito”. O romance mostra como a literatura se reduz pouco a pouco em mercadoria, a objeto de troca, e ilustrando essa transformação do espírito em todos os campos, mostra a tragédia geral da geração pós-napoleônica... “
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