quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Marx e a Guerra de Secessão.


Em maio de 1869 – quatro anos após o encerramento da Guerra de Secessão (1861-1865) – Marx envia mensagem à União Operária Nacional dos Estados Unidos conclamando seus afiliados a impedir o conflito armado EUA X Inglaterra. Segundo ele, o estado de beligerância seria estimulado pela Rússia, que se aproveitara da Guerra de Secessão, para expandir as suas exportações de matérias primas. Marx faz referência à mensagem enviada a Lincoln em sua posse ( já postada aqui em 1º de agosto de 2011).

“Camaradas operários,
No programa iniciador da nossa Associação afirmamos:
“Não foi a sabedoria das classes dominantes, mas a resistência heróica das classes operárias de Inglaterra à sua loucura criminosa, que salvou o Ocidente da Europa de mergulhar de cabeça numa cruzada infame pela perpetuação e propagação da escravatura do outro lado do Atlântico.
Chegou agora a vossa vez de impedir uma guerra cujo resultado mais claro seria o de fazer recuar, por um período indefinido, o movimento ascendente da classe operária de ambos os lados do Atlântico.
Quase que não precisamos de vos dizer que existem potências europeias ansiosamente determinadas a arrastar os Estados Unidos para uma guerra com a Inglaterra. Uma vista de olhos às estatísticas comerciais mostrará que a exportação russa de matérias-primas — e a Rússia não tem mais nada para exportar — cedia rapidamente ante a concorrência americana, até que a guerra civil subitamente inverteu as posições. Converter as relhas do arado americanas em espadas salvaria precisamente agora da bancarrota iminente aquela potência despótica que os vossos estadistas republicanos, na sua sagacidade, escolheram para seu conselheiro confidencial. Mas, muito para além dos interesses particulares deste ou daquele governo, não é do interesse geral dos nossos opressores comuns transformar a nossa cooperação internacional que cresce rapidamente numa guerra exterminadora?
Em mensagem de congratulações ao Sr. Lincoln pela sua reeleição como presidente, expressamos a nossa convicção de que a guerra civil americana se mostraria de tão grande importância para o avanço da classe operária como a guerra da independência americana se mostrou para o avanço da classe média.  E, em matéria de fato, a conclusão vitoriosa da guerra contra a escravatura abriu uma nova época nos anais da classe operária. Nos próprios Estados Unidos, ganhou vida desde essa data um movimento operário independente, mal visto pelos vossos velhos partidos e pelos seus políticos profissionais. Para frutificar requer anos de paz. Para o esmagar, é requerida uma guerra entre os Estados Unidos e a Inglaterra.”

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