sábado, 5 de novembro de 2011

Marx by Engels. Parte 3


Em junho de 1877, Engels escreve para o Volks-Kalender – um almanaque que circula em 1878 – um resumida biografia de seu amigo Karl. Nesta parte 3, Engels registra a publicação do 18 Brumário, as colaborações para o New York Tribune e a primeira publicação, em 1867, do volume 1 do Capital.

“Uma tentativa para continuar a fazer publicar (em 1850) a Neue Rheinische Zeitung sob a forma de uma revista (em Hamburgo) teve de ser abandonada, depois de algum tempo, em virtude da reação se conduzir de um modo cada vez mais violento. Logo após o golpe de Estado na França, em Dezembro de 1851 Marx publicou: O 18 de Brumário de Louis Bonaparte (New York, 1852; segunda edição em Hamburgo, em 1869, pouco antes da guerra). Em 1853, ele escreveu: Revelações sobre o Processo dos Comunistas de Colônia (impresso primeiro em Basileia, mais tarde em Boston, recentemente de novo em Leipzig).
Depois da condenação dos membros da Liga dos Comunistas em Colônia, Marx retirou-se da agitação política e dedicou-se, por um lado, durante dez anos, à exploração dos ricos tesouros que a biblioteca do Museu Britânico oferece no domínio da economia política, e, por outro lado, à colaboração no New-York Tribune que até à deflagração da guerra civil americana trouxe não apenas correspondências assinadas por ele, mas também inúmeros artigos de fundo sobre as condições na Europa e na Ásia saídos da sua pena. Os seus ataques contra Lord Palmerston fundados num estudo exaustivo de documentos oficiais ingleses, foram reimpressos em Londres como panfleto.
Como primeiro fruto dos seus estudos econômicos de longos anos, apareceu, em 1859: Para a Crítica da Economia Política, primeiro fascículo (Berlin, Duncker) Este escrito contém a primeira exposição seguida da teoria do valor de Marx, incluindo a doutrina do dinheiro. Durante a guerra italiana, Marx combateu, no jornal alemão Das Volks que se publicava em Londres, o bonapartismo, que nessa altura se coloria de liberal e brincava com os libertadores de nacionalidades oprimidas, assim como a política prussiana da altura que, sob o manto da neutralidade, procurava pescar em águas turvas. Nesta oportunidade, o senhor Karl Vogt  tinha também que ser atacado, ele que, nessa altura, por ordem do príncipe Napoléon (Plon-Plon) e a soldo de Louis-Napoléon  fazia agitação a favor da neutralidade e mesmo da simpatia da Alemanha. Coberto por Vogt com as calúnias mais infames e cientemente mentirosas, Marx respondeu em: Herr Vogt [O Senhor Vogt), London, 1860, onde Vogt e os restantes senhores do bando imperialista de falsos democratas foram desmascarados e Vogt acusado, a partir de fundamentos externos e internos, de suborno [pago] pelo Império de Dezembro [Dezemberkaisertum]. Exatamente dez anos mais tarde veio a confirmação: na lista dos mercenários bonapartistas, encontrada nas Tulherias em 1870 e publicada pelo governo de Setembro, encontra-se na letra V: “Vogt — em Agosto de 1859 foram-lhe entregues... 40 000 francos”.
Finalmente, em 1867, apareceu em Hamburgo: Das Kapital. Kritik der politischen Oekonomie. Erster Band (O Capital. Crítica da Economia Política. Primeiro Volume) — a obra principal de Marx, que expõe as bases das suas perspectivas [Anschauungen] econômico-socialistas e as linhas principais da sua crítica da sociedade existente, do modo de produção capitalista e das suas consequências. A segunda edição desta obra que faz época apareceu em 1872; o autor ocupa-se [presentemente] com a elaboração do segundo volume.
Entretanto, nos diversos países da Europa, o movimento operário tinha-se fortalecido de novo tanto que Marx pôde pensar em levar a cabo um desejo de há muito alimentado: a fundação de uma associação operária abarcando os países mais progressistas da Europa e América, que devia demonstrar, por assim dizer, corporalmente, o caráter internacional do movimento socialista tanto aos próprios operários como aos burgueses e aos governos — para encorajamento e fortalecimento do proletariado e para terror dos seus inimigos. Uma reunião popular a favor da Polônia — precisamente então oprimida de novo pela Rússia — realizada em 28 de Setembro de 1864 no St. Martins Hall em Londres, forneceu a ocasião de avançar com o tema, que foi tomado com entusiasmo. Foi fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores e eleito na reunião um Conselho Geral provisório com sede em Londres, e a alma desse [conselho], bem como de todos os conselhos gerais seguintes até ao Congresso da Haia, foi Marx. Foram redigidas por ele quase todas as peças publicadas pelo Conselho Geral da Internacional, desde a Mensagem Inaugural de 1864, até à mensagem sobre a guerra civil em França, de 1871. Descrever a atividade de Marx na Internacional, significaria escrever a história dessa mesma associação que, de resto, vive ainda na memória dos operários europeus.
( Continua na próxima postagem)

Nenhum comentário:

Postar um comentário