Em 1895, ano de seu falecimento e doze anos após a morte de Marx, Engels publica um texto – “Contribuição para a história do cristianismo primitivo” – onde traça comparações entre o cristianismo e o “socialismo operário”. Registra que “três séculos depois do seu nascimento, o cristianismo é reconhecido como a religião do Estado” e que o socialismo, em menos de sessenta anos, conquistara “uma posição tal que o seu triunfo definitivo está absolutamente assegurado”. Engels não menciona a igreja católica, em nome de seu “criador”, praticando os horrores da Inquisição e não poderia imaginar um movimento semelhante de um seguidor do velho Karl, um tal de Joseph Stalin.
“A história do cristianismo primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno. Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma. Os dois, o cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão e da miséria; o cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida depois da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa transformação da sociedade. Os dois são perseguidos e encurralados, os seus aderentes são proscritos e submetidos a leis de exceção, uns como inimigos do gênero humano, os outros como inimigos do governo, da religião, da família, da ordem social. E, apesar de todas as perseguições, e mesmo diretamente servidos por elas, um e outro abrem caminho vitoriosamente. Três séculos depois do seu nascimento, o cristianismo é reconhecido como a religião do Estado e do Império romano: em menos de sessenta anos, o socialismo conquistou uma posição tal que o seu triunfo definitivo está absolutamente assegurado.”
www.marxists.org/portugues/marx/1895/mes/cristianismo.htm
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