quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Marx by Engels. Parte 1


Em junho de 1877, Engels escreve para o Volks-Kalender – um almanaque que circula em 1878 – um resumida biografia de seu amigo Karl. Sua leitura é muito interessante e vou publicá-la em 4 partes.

“O homem que primeiro deu ao socialismo — e, com ele, a todo o movimento operário dos nossos dias — uma base científica, Karl Marx, nasceu em Trier em 1818. Ele estudou em Bonn e em Berlim, em primeiro lugar, ciências jurídicas, mas, em breve, se dedicou exclusivamente ao estudo da história e da filosofia e, em 1842, estava a ponto de concorrer para professor [Dozent] de filosofia [na Universidade], quando o movimento político surgido após a morte de Frederico III o atirou para outra carreira. Com a colaboração dele, os lideres da burguesia liberal renana — os Camphausen, Hansemann, etc. — fundaram, em Colônia, a Rheinische Zeitung, e Marx - cuja crítica dos debates do Landtag provincial renano tinha causado grande sensação - foi, no Outono de 1842, posto à frente da publicação. A Rheinische Zeitung publicava-se, naturalmente, sob censura, mas a censura não conseguia fazer nada dela. A Rheinische Zeitung quase sempre fazia passar os artigos que convinha; atirava-se primeiro ao censor palha da mais insignificante para cortar, até que ele desistia por si próprio ou era forçado à desistência pela ameaça de que a gazeta se não publicaria no dia seguinte. Houvesse dez gazetas que tivessem a mesma coragem que a Rheinische e cujos editores tivessem deixado gastar uns centos de prata mais em custos de composição — e a censura na Alemanha teria sido tornada impossível já em 1843. Mas, os donos dos jornais alemães eram pequeno-burgueses [Spiessbürger] mesquinhos, timoratos, e a Rheinische Zeitung travava a luta sozinha. Ela consumia censor atrás de censor; finalmente, foi censurada duplamente, de modo tal que, depois da primeira censura, o Regierungspräsident tinha, mais uma vez e definitivamente, de a censurar. Isto também não serviu. Nos começos de 1843, o governo declarou que não conseguia fazer nada deste jornal e suprimiu-o, sem mais.
Marx — que, entretanto, se casara com a irmã do posteriormente ministro da reação von Westphalen — mudou-se para Paris e editou aí, com A. Ruge, os Deutsch-Französische Jahrbúcher, nos quais ele inaugurou a série dos seus escritos socialistas com uma Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie. Além disso, com F. Engels: Die heilige Familie. Gegen Bruno Bauer und Consorten, uma crítica satírica de uma das últimas formas a que o idealismo filosófico alemão de então tinha ido dar.”
(Continua na próxima postagem)


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