Em 1844, Marx elabora os clássicos “Manuscritos Econômico-Filosóficos”. Selecionei um trecho do Terceiro Manuscrito - Crítica da Filosofia Dialética e Geral de Hegel – onde o jovem Marx (26 anos) revela o seu desprezo pela filosofia ao destacar como grande contribuição de Feuerbach ter demonstrado que a filosofia nada mais seria “do que a religião trazida para o pensamento e desenvolvida por este, devendo ser igualmente condenada como outra forma e modo de existência da alienação humana”. Vale lembrar aqui a agressiva frase de Marx , em idade mais avançada: “A filosofia está para o saber real como o onanismo para o sexo”. O surrealismo de todo esse feroz preconceito é que o velho Karl foi, sem dúvida, um grande filósofo........
No prefácio dos “Manuscritos”, Marx afirma que ainda não teria sido feita, até então, uma exposição crítica da dialética hegeliana: “Ao contrário dos teólogos críticos de nossa época, considerei o capítulo final do presente trabalho, uma exposição crítica da dialética hegeliana e de sua filosofia geral, como absolutamente essencial, pois isso ainda não foi feito. Esta falta de meticulosidade não é acidental, pois o teólogo crítico continua a ser um teólogo. Ele tem de partir, seja de certos pressupostos da filosofia aceita como oficial, ou então, se no decurso da crítica e como resultado de descobertas de outras pessoas surgirem-lhe na mente dúvidas acerca dos pressupostos filosóficos, abandona-os de forma covarde e sem justificativa, abstrai a partir deles, e demonstra ao mesmo tempo dependência servil face a elas e seu ressentimento a essa dependência de maneira negativa, inconsciente e sofística.”
E no trecho final exalta Feuerbach como a única pessoa que tem uma relação séria e critica com a dialética de Hegel e que efetuou descobrimentos verdadeiros nesse campo e, acima de tudo, levou de vencida a velha filosofia.
“A grandeza do feito de Feuerbach e a modesta simplicidade com que apresenta sua obra ao mundo, contrastam incrivelmente com a conduta de outros.
A grande realização de Feuerbach é:
(1) ter mostrado a filosofia nada mais ser do que a religião trazida para o pensamento e desenvolvida por este, devendo ser igualmente condenada como outra forma e modo de existência da alienação humana;
(2) ter lançado os fundamentos do materialismo genuíno e da ciência positiva, ao fazer da relação social de "homem com homem" o principio básico de sua teoria;
(3) ter-se oposto à negação da negação que alega ser o positivo absoluto um princípio auto-suficiente, positivamente baseado em si mesmo.”
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