Denis Collin afirma, em seu blog, que a crise financeira mundial
confirma, de maneira clara, as análises do velho Karl. Segue minha tradução
livre.
“A crise financeira de 2007/2008 e suas consequências confirmam de
maneira clara as análises de Marx : o modo de
produção capitalista somente pode funcionar reproduzindo o capital
sempre em uma escala ampliada. Ou a
busca de um processo de acumulação exige o recurso crescente ao credito e a
todas as formas de investimento financeiro que permitam a distribuição, não de
lucros reais, gerados no processo de produção, mas de ganhos antecipados, isto
é, que não correspondam a um capital produtivo gerado pela mais valia.
É o que Marx chama de “capital fictício”. A massa do capital fictício
terminou por incorporar o capital realmente investido, que é, ele mesmo, confrontado
aos problemas crescentes de ajuste de valor, que Marx denominava de baixa
tendencial da taxa de lucro.
O exemplo da industria automobilística é particularmente esclarecedor
para compreender, ao mesmo tempo, esta baixa das taxas de lucro e o peso crescente
dos “produtos financeiros”.
Nesta situação e em uma escala gigantesca, encontramos ainda as análises
de Marx sobre o papel da dívida pública na formação deste capital fictício. Que
o Estado seja reduzido a “conselho de administração dos negócios comuns da
burguesia” é certamente, desta maneira geral, uma concepção muito redutora.
Durante as “trente glorieuses” ( obs. do tradutor: Período de grande
crescimento de 1945 a 1973, nos países membros da OCDE, tb conhecido, na
França, como a Revolução Invisível) o Estado foi o lugar da aposta nas lutas
sociais para assegurar um desenvolvimento próximo da estabilidade do modo de
produção capitalista, e ele teve que
proteger e , por vezes, organizar as conquistas sociais correspondentes às
reivindicações dos assalariados.
Mas o se que chamou usando a expressão inadequada de “revolução
neo-liberal” foi uma vasta operação política remetendo o Estado à sua clássica
definição marxista.
A percepção da falência do sistema financeiro e sua consequência nos
custos para os cidadãos acabou por reposicionar os governos como simples apoios
de poder do capital financeiro.”
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