Selecionei um trecho do livro “Marxismo e Crítica
Literária ( Editora Afrontamento, Porto, 1978) – onde o inglês Terry Eagleton afirma
que “a arte e a literatura faziam parte do próprio ar que Marx respirava”. Já
postei aqui algumas das poesias de Marx dedicadas à sua paixão de toda a vida,
Jenny Von Westphallen, que reforçam a tese de Eagleton.
“A arte e a literatura faziam parte do próprio ar
que Marx respirava, como intelectual alemão fantasticamente culto dentro da
grande tradição clássica da sua sociedade. Os seus conhecimentos de literatura,
de Sófocles ao romance espanhol, de Lucrécio à ficção inglesa de cordel, eram
de uma amplitude desconcertante; o círculo operário alemão que fundou em
Bruxelas dedicava uma noite todas as semanas à discussão das artes, e o próprio
Marx era um frequentador inveterado dos teatros, declamador de poesia,
devorador de toda a espécie de arte literária, da prosa augustana às baladas
industriais. Numa carta à Engels, descreveu as suas próprias obras como
formando um “todo artístico” e era escrupulosamente sensível às questões de
estilo literário, a começar pelos seus primeiros trabalhos jornalísticos, que
defendiam a liberdade de expressão artística. Para além disso, pode detectar-se
o peso de conceitos estéticos por detrás de algumas das categorias mais
centrais do pensamento econômico que utiliza na sua obra da maturidade.”
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