O
fenômeno das “mesas dançantes/girantes” – table tournante, para os franceses;
table moving, para os ingleses e tischrueken, para os alemães – foi dominante
na Europa da segunda metade do século 19. Em nota de rodapé no primeiro
capítulo de O Capital, Marx registra que “Depois
da derrota das revoluções de 1848-49 na Europa e durante o período de reação e
de calmaria que se lhe seguiu, houve um grande entusiasmo, nos círculos das
classes altas, pelo espiritismo, incluindo o jogo da "mesa dançante".
A nota se refere ao texto abaixo que integra a
Seção “O Fetichismo da Mercadoria e o seu Segredo”.
“É evidente que a atividade do
homem transforma as matérias que a natureza fornece de modo a torná-las úteis.
Por exemplo, a forma da madeira é alterada, ao fazer-se dela uma mesa. Contudo,
a mesa continua a ser madeira, uma coisa vulgar, material. Mas a partir do
momento em que surge como mercadoria, as coisas mudam completamente de figura:
transforma-se numa coisa a um tempo palpável e impalpável. Não se limita a ter
os pés no chão; face a todas as outras mercadorias, apresenta-se, por assim
dizer, de cabeça para baixo, e da sua cabeça de madeira saem caprichos mais
fantásticos do que se ela começasse a dançar.”
As “mesas dançantes”
ridicularizadas por Marx – “da sua cabeça de madeira saem caprichos mais
fantásticos do que se ela começasse a dançar” – foram o passo inicial de Allan
Kardec na construção da doutrina espírita. “O Livro dos Espíritos” foi lançado
em 1857, dez anos antes da primeira edição de O Capital.
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