quarta-feira, 22 de maio de 2013

Mesas dançantes.

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O fenômeno das “mesas dançantes/girantes” – table tournante, para os franceses; table moving, para os ingleses e tischrueken, para os alemães – foi dominante na Europa da segunda metade do século 19. Em nota de rodapé no primeiro capítulo de O Capital, Marx registra que “Depois da derrota das revoluções de 1848-49 na Europa e durante o período de reação e de calmaria que se lhe seguiu, houve um grande entusiasmo, nos círculos das classes altas, pelo espiritismo, incluindo o jogo da "mesa dançante". A nota se refere ao texto abaixo que integra a Seção “O Fetichismo da Mercadoria e o seu Segredo”.
É evidente que a atividade do homem transforma as matérias que a natureza fornece de modo a torná-las úteis. Por exemplo, a forma da madeira é alterada, ao fazer-se dela uma mesa. Contudo, a mesa continua a ser madeira, uma coisa vulgar, material. Mas a partir do momento em que surge como mercadoria, as coisas mudam completamente de figura: transforma-se numa coisa a um tempo palpável e impalpável. Não se limita a ter os pés no chão; face a todas as outras mercadorias, apresenta-se, por assim dizer, de cabeça para baixo, e da sua cabeça de madeira saem caprichos mais fantásticos do que se ela começasse a dançar.”
As “mesas dançantes” ridicularizadas por Marx – “da sua cabeça de madeira saem caprichos mais fantásticos do que se ela começasse a dançar” – foram o passo inicial de Allan Kardec na construção da doutrina espírita. “O Livro dos Espíritos” foi lançado em 1857, dez anos antes da primeira edição de O Capital.

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