Em março de 1872, o editor francês Maurice
La Châtre (1814-1900) publica a 1ª edição francesa de O Capital, com uma novidade: em
fascículos, para, segundo Marx registra no prefácio, tornar a obra “mais
acessível à classe operária”. La Châtre ( ou De La Châtre) é uma figura
fundamental para a difusão do socialismo na Europa. Perseguido por Napoleão III
- Napoleon, Le Petit segundo Victor Hugo – foge para a Espanha, onde abre uma
livraria. Uma obra que marcou sua vida como editor foi o Dicionário Universal –
uma espécie de enciclopédia de novas ideias. Maurice foi amigo fraterno de Allan
Kardec, fundador do Espiritismo. Juntos criaram , em 1839, o Banco de Trocas (
Banque des Échanges) uma espécie de cooperativa, inspirada em Proudhon, que
reunia profissionais de diversas áreas que trocavam mercadorias, produtos e
serviços entre si.
No Prefácio, Marx destaca a originalidade
do método de análise ( da mercadoria) e a dificuldade de compreensão:
“Ao cidadão Maurice La Châtre Caro cidadão,
Aplaudo a sua ideia de publicar a tradução
de Das Kapital em fascículos periódicos. Sob essa forma a obra será mais
acessível à classe operária e, para mim, essa consideração sobreleva qualquer
outra.
Aí está o lado bom da sua medalha, mas eis
o seu reverso: o método de análise que empreguei, e que ainda não havia sido
aplicado aos assuntos económicos, torna bastante árdua a leitura dos primeiros
capítulos, e é de temer que o público francês, sempre impaciente por concluir,
ávido de conhecer a relação dos princípios gerais com as questões imediatas que
o apaixonam, desanime, por não poder logo passar adiante.
E essa uma desvantagem contra a qual nada
posso senão prevenir e premunir os leitores preocupados com a verdade. Não há
estrada real para a ciência e só têm possibilidade de chegar aos seus cumes
luminosos aqueles que não temem fatigar-se a escalar as suas veredas
escarpadas.
Receba, caro cidadão, a certeza dos meus
sentimentos dedicados.
Londres, 18 de Março de 1872
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