Boa parte da minha juventude foi marcada pela leitura das
obras de Eric Hobsbawn ( 1917-2012) . Diversos posts deste blog reproduziram o
pensamento de Hobsbawn em diversos momentos dos séculos “com muro” e “sem
muro”. Nos próximos dias vou repostar algumas das análises e reflexões que mais
me tocaram.
Hobsbawn e o fim
da “fé na URSS”. ( 26 de fevereiro
de 2011)
Em 1971, Hobsbawn
- “Os Intelectuais e a luta de classes” – marca a diferença entre os
revolucionários dos anos 60/70 e os de sua geração. Já no início dos anos 70 a
fé na “grande revolução de outubro” havia desaparecido – bem antes do
desmoronamento do muro, em 89. Selecionei um pequeno trecho:
“ Há, contudo, uma diferença notável entre o novo movimento
revolucionário e o da minha geração, nos anos entre guerras. Contávamos, talvez
erroneamente, com uma esperança e um modelo concreto de uma sociedade
alternativa : o socialismo. Hoje em dia essa fé na grande Revolução de Outubro
e na União Soviética desapareceu em grande parte – esta é uma observação de
fato, não um juízo – e nada a substituiu. Porque, embora os novos revolucionários
busquem possíveis modelos e objetos de lealdade, nenhum dos regimes
revolucionários pequenos e localizados – Cuba, Vietnã do Norte, Coréia do Norte
ou qualquer outro, mesmo a própria China – representa hoje o que a União
Soviética significou em minha época.”
Uma observação: Coréia do
Norte a parte, onde Hobsbawn encontraria hoje “regimes revolucionários pequenos
e localizados”? A ilha do Caribe, por exemplo, aguarda o óbito do seu
carismático líder para acelerar o processo de “abertura”. Dois sintomas da
“febre capitalista” da China: 1. Em 2010, o faturamento dos Cassinos de Macau
foi quatro vezes os de Las Vegas; 2. Também no ano passado, a China foi maior
importador de vinhos de Bordeaux – 20 milhões de litros.
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