Um dos últimos textos
produzidos por Engels – 1895, ano de sua morte – “Contribuição para a história
do cristianismo primitivo” traça paralelos entre o desenvolvimento do
cristianismo e o socialismo. Segue o parágrafo de abertura.
“A história do cristianismo
primitivo oferece curiosos pontos de contato com o movimento operário moderno.
Como este, o cristianismo era, na origem, o movimento dos oprimidos: apareceu
primeiro como a religião dos escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens
privados de direitos, dos povos subjugados ou dispersos por Roma. Os dois, o
cristianismo como o socialismo operário, pregam uma libertação próxima da servidão
e da miséria; o cristianismo transpõe essa libertação para o Além, numa vida
depois da morte, no céu; o socialismo coloca-a no mundo, numa transformação da
sociedade. Os dois são perseguidos e encurralados, os seus aderentes são
proscritos e submetidos a leis de exceção, uns como inimigos do gênero humano,
os outros como inimigos do governo, da religião, da família, da ordem social.
E, apesar de todas as perseguições, e mesmo diretamente servidos por elas, um e
outro abrem caminho vitoriosamente. Três séculos depois do seu nascimento, o
cristianismo é reconhecido como a religião do Estado e do Império romano: em
menos de sessenta anos, o socialismo conquistou uma posição tal que o seu
triunfo definitivo está absolutamente assegurado.”
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