domingo, 2 de setembro de 2012

Marx, o capitalismo e a crise.


A cada crise do capitalismo o santo nome de Marx volta a ser pronunciado, nem sempre em vão. Uma das últimas ocorrências foi capa da revista “Eu & Fim de Semana” - na edição de 31/08/12 do jornal Valor Econômico -  com a chamada “O capitalismo e a crise” para dois excelentes ensaios de Luiz Gonzaga Belluzzo e André Lara Resende. Economia nunca foi a minha praia, no entanto, ousaria afirmar que os economistas clássicos – destaque para Adam Smith e Ricardo – fizeram proveitosas análises das origens e do capitalismo até o início do século 19 mas, seu desenvolvimento e suas crises foram missões do velho Karl, apesar da equivocada ditadura do proletariado.
Selecionei um trecho de cada autor, mas recomendo a leitura da íntegra, especialmente, do texto de Belluzzo, que reverencia o parceiro de Engels.

Luiz Gonzaga Belluzzo
“Uma leitura cuidadosa dos "Grundrisse" e dos três volumes de "O Capital" permite compreender que o dinheiro transformado em capital - origem e finalidade da circulação e da produção capitalistas (Dinheiro-Mercadoria-Dinheiro) - não só exige a submissão real da força de trabalho ao domínio das forças produtivas como também impõe aos trabalhadores (e aos proprietários do valor-capital) os ditames da acumulação de riqueza abstrata. A acumulação de mais dinheiro mediante o uso do dinheiro para capturar mais valor sob a forma monetária suscita a transfiguração das formas de expansão do valor, isto é, impõe o predomínio das formas "desenvolvidas": o capital a juros, o dinheiro de crédito e o capital fictício. Nessas formas, o dinheiro-capital realiza o seu conceito de valor que se valoriza e tenta continuamente romper os seus próprios limites ao buscar o acrescentamento do valor sem a mediação da mercadoria força de trabalho. "D-M-D" se converte em "D-D".”

André Lara Resende
“A nostalgia do mundo perdido abre caminho para os novos críticos, mais duros, da sociedade capitalista. A crítica deixa de ser cultural, nostálgica. Passa a denunciar a capacidade destrutiva, desagregadora, das novas forças liberadas numa sociedade integralmente movida pelos interesses materiais. Assim como a valorização dos interesses individuais e do comércio atingiu seu ápice com David Hume e Adam Smith, a mudança de rumo dos ventos intelectuais, a partir do fim do século XVIII, culminou com Karl Marx, na segunda metade do século XIX.”


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