Boa parte da minha juventude foi marcada pela leitura das
obras de Eric Hobsbawn ( 1917-2012) . Diversos posts deste blog reproduziram o
pensamento de Hobsbawn em diversos momentos dos séculos “com muro” e “sem
muro”. Nos próximos dias vou repostar algumas das análises e reflexões que mais
me tocaram.
O socialismo
fracassou e o capitalismo quebrou. O que virá a seguir?
(15 de outubro de 20110
Artigo de Hobsbawm, no The Guardian, tenta responder a
pergunta acima.
A prioridade seria não o aumento do lucro e do consumo, mas
a ampliação das oportunidades e capacidades de todos por meio da ação coletiva.
Isso significa iniciativa pública sem fundamento na busca do lucro. Decisões
orientadas para as melhorias sociais coletivas, com ganho para todos. Hobsbawm
encerra o texto tomando como exemplos Londres e a crise do meio ambiente.
“Tomemos o caso de Londres. É evidente que importa a todos
nós que a economia de Londres floresça. Mas a prova de fogo da enorme riqueza
gerada em algumas partes da capital não é que tenha contribuído com 20 ou 30%
do PIB britânico, mas sim como afetou a vida de milhões de pessoas que ali
vivem e trabalham. A que tipo de vida têm direito? Podem se permitir a viver
ali? Se não podem, não é nenhuma compensação que Londres seja um paraíso dos
muito ricos. Podem conseguir empregos remunerados decentemente ou qualquer tipo
de emprego? Se não podem, de que serve jactar-se de ter restaurantes de três
estrelas Michelin, com alguns chefs convertidos eles mesmos em estrelas. Podem
levar seus filhos à escola? A falta de escolas adequadas não é compensada pelo
fato de que as universidades de Londres podem montar uma equipe de futebol com
seus professores ganhadores de prêmios Nobel.
A prova de uma política progressista não é privada, mas sim
pública. Não importa só o aumento do lucro e do consumo dos particulares, mas
sim a ampliação das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das capacidades de
todos por meio da ação coletiva. Mas isso significa – ou deveria significar –
iniciativa pública não baseada na busca de lucro, sequer para redistribuir a
acumulação privada. Decisões públicas dirigidas a conseguir melhorias sociais
coletivas com as quais todos sairiam ganhando. Esta é a base de uma política
progressista, não a maximização do crescimento econômico e da riqueza pessoal.
Em nenhum âmbito isso será mais importante do que na luta contra o maior problema com que nos enfrentamos neste século: a crise do meio ambiente. Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, significará um deslocamento de grande alcance, do livre mercado para a ação pública, uma mudança maior do que a proposta pelo governo britânico. E, levando em conta a gravidade da crise econômica, deveria ser um deslocamento rápido. O tempo não está do nosso lado.”
Em nenhum âmbito isso será mais importante do que na luta contra o maior problema com que nos enfrentamos neste século: a crise do meio ambiente. Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, significará um deslocamento de grande alcance, do livre mercado para a ação pública, uma mudança maior do que a proposta pelo governo britânico. E, levando em conta a gravidade da crise econômica, deveria ser um deslocamento rápido. O tempo não está do nosso lado.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário