Um filósofo (Arthur Meucci) e um psicólogo (Felipe Tavares Paes Lopes) uniram seus conhecimentos e talentos para produzir um interessante ensaio sobre “dessemelhanças e semelhanças” entre marxismo e freudismo. Entre outras conclusões ousadas citam Althusser, para quem “tanto Marx como Freud afrontam as ideologias burguesas dominantes”. Selecionei dois trechos. Para ler a integra: http://pt.scribd.com/doc/532332/Marxismo-e-Freudismo-Dessemelhancas-e-Semelhancas-Epistemologicas
“Assim, se Freud identificou as forças cegas do inconsciente, que inclinam o homem a agir dessa ou daquela forma; Marx, por sua vez, identificou a natureza contraditória da sociedade e sua manifestação latente na psique humana: a ideologia. A natureza plural, efêmera e incoerente do homem é,assim, trazida à tona por ambos pensadores. Aquele homem idealizado pelos filósofos da consciência não passa de uma ilusão.Tanto um como outro negam a primazia da consciência, isto é, aceitam indiscutivelmente que existe uma realidade fora do pensamento. Freud faz isso, fundamentalmente, no seu ataque à psicologia idealista; já Marx, ao inverter Hegel. Se em Hegel a razão é que fazia a história; em Marx, é o próprio conhecimento que é histórico.
Para Althusser, podemos ver nessa concepção e crítica comum mais do que a denúncia do caráter ingênuo da filosofia da consciência, a idéia de que a noção de um sujeito unificado é interessada e serve de base para toda a ideologia burguesa. Basta pensarmos sobre as palavras de Freud quando este se aproximava da América que estava por visitar: trazemos-lhes à peste e as pronunciadas por Marx ao definir O Capital como o mais gigantesco míssil lançado na cabeça da burguesia capitalista
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Eis um dos pontos de maior impasse para o desenvolvimento de um diálogo entre esses programas. Enquanto marxistas como Bakhitin (Assoun, 1991) enxergam em Freud o reflexo da ideologia burguesa, desconsiderando, assim, grande parte de seus argumentos e conceitos para análise do homem e da sociedade; outros, como Althusser, afirmam que em um contexto mais amplo, tanto Marx como Freud afrontam as ideologias burguesas dominantes. De nossa parte, evidentemente, longe de qualquer pretensão de esgotarmos o complexo assunto, esperamos apenas ter ingressado com alguma dignidade nessa riquíssima malha discursiva sobre esse diálogo. Mesmo se cometemos alguns equívocos durante a análise, ainda assim acreditamos ter valido a pena essa aventura teórica, e ter explicitado nossa idéia central. Afinal, como escreveu uma vez Espinosa:
Tudo o que é belo é tão difícil como raro.
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