Em entrevista para a IHU on line, da Unisinos, o Professor da Unicamp Ricardo Antunes destaca a ampla concepção da produção revelada por Marx nos Grundrisse, com a presença de alienações, fetichizações e estranhamentos tanto na produção quanto no consumo. Uma oportunidade para refletir sobre a onipresença da fetichização nos rituais do marketing, disciplina-símbolo da etapa superior do capitalismo, na revolução pós-industrial.
“O que os Grundrisse têm de inspirador é o seguinte: a primeira pista importante é a conhecida introdução escrita em 1857, onde Marx fala do processo de produção do capital e esse processo enfeixa um movimento que passa da produção ao consumo, tendo a distribuição, a circulação ou a troca como elementos de mediação. Isso é muito importante, porque a concepção de produção para Marx é ampla. A constatação que ele faz nesse capítulo é de que não há produção sem consumo, nem consumo sem produção, ou seja, o processo de constituição do capital, ao mesmo tempo em que gera o mais valor, gera o processo de criação do trabalho excedente. Mas a geração do mais valor na produção só tem a sua efetivação finalizada na esfera do consumo. De tal modo que o capital é um sistema totalizante que abarca um amplo leque em que, por exemplo, podemos ver as alienações, as fetichizações e os estranhamentos na esfera da produção e as alienações, os estranhamentos e as fetichizações também na esfera do consumo. E uma não é separada da outra. São momentos distintos de um mesmo processo.”
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