terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Trotsky. A visão crítica do Manifesto. Parte 4


Em outubro de 1937, Trotsky escreve o prefácio da edição Sul-Africana do Manifesto de 1848 e faz uma serena e sensata revisão critica de partes do Manifesto. Neste 3º trecho selecionado, ele mostra que a expectativa de proletarização generalizada da sociedade não aconteceu. Destaque para a proletarização da classe média – imagine a frustração dos dois alemães ao assistir, no Brasil de 2010, a ascensão das classes D e E à classe média.

“4. Tomando como base sobretudo o exemplo da "Revolução Industrial" inglesa, os autores viam de maneira muito unilateral o processo de liquidação das classes médias com a proletarização completa do artesanato, do pequeno comércio e do campesinato. Na verdade, as forças elementares da concorrência ainda não finalizaram esta obra, ao mesmo tempo progressista e bárbara. O capital arruinou a pequena burguesia bem mais rapidamente do que a proletarizou. Por outro lado, a política consciente do Estado burguês, há muito tempo, visa conservar artificialmente as camadas pequeno-burguesas. No pólo oposto, o crescimento da técnica e a racionalização da grande produção, ao mesmo tempo em que engendram um desemprego orgânico, freiam a proletarização da pequena burguesia. Houve um extraordinário adormecimento do exército de técnicos, administradores, empregados de comércio, em uma palavra, daquilo que é chamado de "novas classes médias". O resultado de tudo isso é que as classes médias cujo desaparecimento o Manifesto previa de modo tão categórico, constituem, mesmo em um país altamente industrializado como a Alemanha, quase a metade da população. Mas a conservação artificial das camadas pequeno-burguesas, desde há muito caducas, em nada atenua as contradições sociais; torna-as, pelo contrário, particularmente, mórbidas. Somando-se ao exército permanente de desempregados, ela é a expressão mais nociva do apodrecimento capitalista. “


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