domingo, 6 de fevereiro de 2011

Trotsky. A visão crítica do Manifesto. Parte 2


Em outubro de 1937, Trotsky escreve o prefácio da edição Sul-Africana do Manifesto de 1848 e faz uma serena e sensata revisão critica de partes do Manifesto. Neste 2º trecho selecionado, ele destaca alguns equívocos relevantes como a “superestimação da maturidade revolucionária do proletariado” e da consequência  da revolução de 1848 que, ao invés da revolução socialista “criou, para a Alemanha, a possibilidade  de um formidável desenvolvimento capitalista”.

“2. O erro de Marx e Engels a respeito dos prazos históricos decorria, de um lado, da subestimação das possibilidades posteriores inerentes ao capitalismo e, de outro, da superestimação da maturidade revolucionária do proletariado. A revolução de 1848 não se transformou em revolução socialista, como o Manifesto havia previsto, mas criou, para a Alemanha, a possibilidade de um formidável desenvolvimento capitalista. A Comuna de Paris demonstrou que o proletariado não pode arrancar o poder à burguesia sem ter à sua frente um partido revolucionário experiente. Ora, o longo período de desenvolvimento capitalista que se seguiu à Comuna conduziu não à educação de uma vanguarda revolucionária, mas, ao contrário, à degeneração burguesa da burocracia operária que se tornou, por sua vez; o principal obstáculo à vitória da revolução proletária. Esta "dialética” os autores do Manifesto não podiam prever.

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