domingo, 12 de dezembro de 2010

Lukacs e a "superação do marxismo".


György Lukács, no período pós-1945, foi uma espécie de porta voz “oficial” do marxismo. Uma tarefa encerrada em 1956, quando Lukács, Ministro da Educação do governo Imre Nagy, foi deportado para a Romênia, pelas tropas soviéticas que invadiram Budapeste. Nagy teve destino mais dramático – foi executado e enterrado secretamente, em 1958. Lukács e Nagy integravam a ala reformista do Partido Comunista Húngaro que, após a morte de Stalin, em 1953, buscavam autonomia de Moscou. Selecionei um trecho do artigo de 1920 (“Última superação do Marxismo”), em que o filósofo critica os intelectuais como “seres parasitários dentro do Estado Capitalista”:

“É difícil que se passe um ano sem que Marx seja "superado" por algum solícito livre docente ou por algum filósofo da moda. A luta mortal que a sociedade burguesa deve realizar se desenvolve também no terreno ideológico. Estas superações mostram ao observador atento sempre o mesmo rosto. Mudam o teor da demonstração, os argumentos gnosiológicos ou metafísicos parecem novos, porém o caráter essencial, o ponto de partida e o ponto de chegada, são sempre os mesmos. Eles encontram sua origem na natureza pequeno-burguesa-parasitária da situação de classe dos intelectuais. Como verdadeiros pequeno-burgueses, os intelectuais não estão em condições de ver de maneira correta a realidade da luta de classes, e portanto menos ainda estão em condições de valorá-la. Eles tendem, como disse Marx, para as instituições estabelecidas, tal como para "não abolir os dois extremos, capital e trabalho assalariado, mas sim para atenuar suas contradições e levá-los a conviver em harmonia". Dado que os intelectuais são seres parasitários dentro do Estado capitalista, este último se lhes apresenta com um absoluto, ou ainda como o Absoluto. Eles contrapõem à teoria marxista uma utopia que, despojada das frases mais ou menos sedutoras, repousa sobre a glorificação do Estado existente".


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