quarta-feira, 17 de abril de 2013

Fetichismo.Tema central da obra de Marx.

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Antoine Artous em “Le fétichisme chez Marx, le marxisme comme théorie critique” classifica o fetichismo como o tema central da obra de Marx. A partir de hoje, vou dividir em 3 postagens, com tradução livre, o excelente comentário crítico de Guillaume Collinet, publicado em dezembro de 2012 ( vide referência no final).

“Pra começar, porque o interesse específico pelo fetichismo? Para Artous  esta categoria é central na obra de Marx. Ele atropela as leituras ortodoxas como as de inspiração althusserianas, que tendem a interpretar o trecho do Capital dedicado ao fetichismo como uma digressão filosófica (mais ou menos feliz) em uma obra com vocação científica. Na verdade, esta questão do status da teoria do fetichismo, no centro do conjunto da conceituação marxista está relacionada, fundamentalmente, com a questão da interpretação mais “conveniente” da teoria marxista do valor.
Frequentemente, aos olhos de Artous, esta teoria do valor foi lida como uma mera repetição da teoria do valor-trabalho, já formulada pelos economistas clássicos (Ricardo em particular).
Esta leitura leva a mascarar a real contribuição de Marx. Já que a questão que se coloca é bastante diferente da apresentada pelos economistas clássicos.
Seu problema não se reduz à medida do valor (que remete a admitir que, desde o início, os bens têm um valor), que é aquele de origem, ou melhor, o fundamento do valor. Por que, nas sociedades capitalistas, os produtos do trabalho tomam a forma mercadorias  e são socialmente determinados como dotados de um valor? Resposta de Marx: o valor, que parece uma qualidade natural inerente aos produtos do trabalho, é, na realidade, a representação determinada pelo trabalho abstrato, isto é, a forma que toma o trabalho social no regime capitalista.
Em outras palavras, o valor cristaliza as relações sociais que são forjadas no processo de trabalho capitalista. Marx opera assim, através de sua teoria do valor, uma desnaturalização das relações de mercado, o que contrasta claramente com a preocupação dos clássicos.
Artous qualifica a teoria marxista de "teoria da forma valor dos produtos do trabalho", na sequência de Jean-Marie Vincent, a quem dedicou seu livro.

Referência:
Guillaume Collinet, "Antoine Artous, o fetichismo de Marx marxismo como teoria crítica,"| 2006 posted 27 de dezembro de 2012, http://variations.revues.org/525


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