Antoine
Artous em “Le fétichisme chez
Marx, le marxisme comme théorie critique” classifica o
fetichismo como o tema central da obra de Marx. A partir de hoje, vou dividir
em 3 postagens, com tradução livre, o excelente comentário crítico de Guillaume
Collinet, publicado em dezembro de 2012 ( vide referência no final).
“Pra
começar, porque o interesse específico pelo fetichismo? Para Artous esta categoria é central na obra de Marx. Ele
atropela as leituras ortodoxas como as de inspiração althusserianas, que tendem
a interpretar o trecho do Capital dedicado ao fetichismo como uma digressão filosófica
(mais ou menos feliz) em uma obra com vocação científica. Na verdade, esta questão
do status da teoria do fetichismo, no centro do conjunto da conceituação
marxista está relacionada, fundamentalmente, com a questão da interpretação mais
“conveniente” da teoria marxista do valor.
Frequentemente,
aos olhos de Artous, esta teoria do valor foi lida como uma mera repetição da
teoria do valor-trabalho, já formulada pelos economistas clássicos (Ricardo em particular).
Esta
leitura leva a mascarar a real contribuição de Marx. Já que a questão que se
coloca é bastante diferente da apresentada pelos economistas clássicos.
Seu
problema não se reduz à medida do valor (que remete a admitir que, desde o
início, os bens têm um valor), que é aquele de origem, ou melhor, o fundamento
do valor. Por que, nas sociedades capitalistas, os produtos do trabalho tomam a
forma mercadorias e são socialmente
determinados como dotados de um valor? Resposta de Marx: o valor, que parece
uma qualidade natural inerente aos produtos do trabalho, é, na realidade, a
representação determinada pelo trabalho abstrato, isto é, a forma que toma o
trabalho social no regime capitalista.
Em outras
palavras, o valor cristaliza as relações sociais que são forjadas no processo
de trabalho capitalista. Marx opera assim, através de sua teoria do valor, uma
desnaturalização das relações de mercado, o que contrasta claramente com a
preocupação dos clássicos.
Artous
qualifica a teoria marxista de "teoria da forma valor dos produtos do
trabalho", na sequência de Jean-Marie Vincent, a quem dedicou seu livro.
Referência:
Guillaume Collinet, "Antoine Artous, o fetichismo de Marx marxismo como teoria crítica,"|
2006 posted 27 de dezembro de 2012, http://variations.revues.org/525
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