segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Marx no Chicago Tribune.

A partir de 1851 e durante mais de uma década. Marx e Engels escreveram,  480 textos para o New York Tribune, sendo 350 assinados por Marx, 125 por Engels e 12 pela dupla. Na época, a publicação circulava com  200 mil exemplares diários, sendo o jornal de maior tiragem do mundo. Marx recebia 2 libras por artigo.  A coletânea dos artigos ocupam grande espaço na publicação das obras completas de Marx.
A expressiva presença no NYT rendeu grande visibilidade à dupla nos EUA. Vale o registro da amável resposta do Presidente Lincoln a uma carta de Marx.
No entanto, pouco se comenta a entrevista concedida por Marx ao Chicago Tribune, em dezembro de 1878. Embora o correspondente em Londres tivesse atribuído ao entrevistado mais de 70 anos ( vide abaixo) o “venerando alemão” ainda estava nos 60. Segue um trecho da reportagem:
“Encontrei-me duas ou três vezes com o Dr. Marx, que me recebeu em sua biblioteca, sempre com um livro numa mão e um cigarro na outra. Ele deve ter mais de setenta anos. E um homem solidamente constituído, de ombros largos e porte ereto. Tem a fronte do intelectual e os modos do judeu culto; sua cabeleira e sua barba são longas e grisalhas; sobrancelhas espessas sombreiam seus olhos negros e brilhantes.
Nada inclinado a circunspecção, reserva aos estrangeiros em geral a melhor acolhida. Todavia, o venerando alemão, que recebe o visitante, não aceita dialogar com qualquer de seus compatriotas senão quando este lhe apresenta uma carta de recomendação.
Assim que se adentra a biblioteca e Marx tenha ajustado seu monóculo, maneira de assumir a postura intelectual, abandona a reserva que até aí demonstrara. Então ele expõe, diante do visitante cativado, seu conhecimento dos homens e das coisas de todos os recantos do mundo.
Ao longo da conversa, longe de se revelar um espirito limitado, toca em tantos assuntos quantos são os volumes dispostos sobre as prateleiras de sua biblioteca. Pode-se julgá-lo a partir dos livros que lê. O leitor terá uma ideia quando tiver dito o que me revelou uma rápida olhada as prateleiras: Shakespeare, Dickens, Thackeray, Molière, Racine, Montaigne, Bacon, Goethe, Voltaire, Paine; coleções administrativas (Blues books) inglesas, americanas e francesas; obras políticas e filosóficas e russo, alemão, espanhol, italiano etc.
Para minha grande surpresa, nossos colóquios me revelaram que Marx conhecia a fundo os problemas americanos dos últimos vinte anos.
A singular justeza das críticas que dirigia ao nosso sistema legislativo, tanto o da União quanto o dos Estados, me deu a impressão de que possuía dados de fontes bem informadas. Contudo, esse saber não se limita a América, mas engloba, igualmente, toda Europa.”






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