sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Nos 500 anos da Reforma, o comentário de Marx.


Neste janeiro de 2017, quando os alemães comemoram os quinhentos anos do manifesto de Lutero, fica o registro da admiração de Marx.
Vale lembrar que seu pai e sua mãe converteram-se ao luteranismo antes de  seu nascimento e que este não é o único momento em que ele registra sua visão positiva de Lutero – outros textos foram postados aqui no blog.
Segue um trecho de 1843 – Karl aos 25 anos – da introdução da “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”,
“O passado revolucionário da Alemanha é, de fato, um passado histórico: é a Reforma. Como então no cérebro do frade, a revolução começa agora no cérebro do filósofo.
Lutero venceu efetivamente a servidão pela devoção porque a substituiu pela servidão da convicção. Acabou com a fé na autoridade porque restaurou a autoridade da fé. Converteu sacerdotes em leigos porque tinha convertido leigos em sacerdotes. Libertou o homem da religiosidade externa porque erigiu a religiosidade no interior do homem. Emancipou o corpo das cadeias porque sujeitou de cadeias o coração.

Mas, se o protestantismo não foi a verdadeira solução, representou a verdadeira colocação do problema. Já não se tratava da luta do leigo com o sacerdote que existe fora dele, mas da luta com o sacerdote que existe dentro de si próprio, com sua natureza sacerdotal. E, se a transformação protestante do leigo alemão em sacerdote emancipou os papas leigos, os príncipes, com toda sua clerezia, se emancipou privilegiados e filisteus, a transformação filosófica dos alemães com espírito sacerdotal em homens emancipará o povo.”

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