Marshall Berman abre um bom espaço em seu “Aventuras no
marxismo” – tradução Sonia Moreira, Companhia das Letras – para o sexo na vida
de Marx. Discorre, inclusive, sobre estimulante ambiente sexual do Quartier
Latin quando o casal Marx/Jenny para lá se transfere, no início do casamento.
Selecionei um trecho onde Marshall fala do filho de Marx com
a criada recebida como “presente de casamento” e a adoção por Engels.
“ Uma das principais forças propulsoras da síntese de Marx
parece ter sido o amor sexual. Certos biógrafos já observaram, bem como até
mesmo alguns policiais, que o casamento de Karl e Jenny, ainda que envolto em
muita turbulência e sofrimento, foi um casamento apaixonado e feliz que durou
quarenta anos e só terminou com a morte.
De fato, Marx foi um dos raros grandes pensadores de
toda a história que tiveram um casamento
e uma vida familiar felizes. Alguns biógrafos se esforçaram bastante para
aumentar as dimensões de todas as rachaduras que puderam encontrar na vida dele:
em especial, o caso passageiro de Marx com sua governanta na década de 1850 e
seu filho ilegítimo, “Freddy”, adotado por Engels, que viria tornar-se ativista
do sindicato britânico dos trabalhadores. Mas mesmo esses biógrafos costumam
admitir que não dispõem de muito material com que trabalhar neste sentido.
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Seigel mostra como o amor sexual desempenhou um papel vital
na formação da identidade de Marx, ajudando a livrá-lo do isolamento psíquico e
centrá-lo no mundo real. Marx pensou e escreveu muito sobre o amor sexual em
meados da década de 1840,pouco depois de seu casamento, quando tentava
perseguir o ideal de levar uma vida em meio às outras pessoas, como queria seu
pai.”
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Podemos perceber um leve vulto num outro comentário sobre o
amor, feito na mesma época: o amor, diz Marx, é “a primeira coisa que ensina o
homem a acreditar no mundo objetivo fora dele mesmo”.
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