Os mais
consagrados marxólogos contemporâneos classificam o fetichismo da mercadoria
como o “acréscimo” de Marx às teses dos economistas clássicos ingleses –
destaque para Adam Smith e Ricardo. Marx, segundo Hobsbawn, Collin e Postone -
três dos mais profundos conhecedores da obra do alemão - foi além da produção e
enveredou pelo consumo. Vale lembrar o título do primeiro capítulo do Volume I
de O Capital: A MERCADORIA. E a seção 4: O Fetichismo da Mercadoria e o seu
segredo. Na mesma linha, segue o doutorando em Filosofia da UFSC, Amaro Aflec ,
em seu trabalho O Conceito de Fetichismo na Obra Marxiana. Um pequeno trecho:
“O papel
do fetichismo, na arquitetônica de O Capital, é central. Ele aparece
logo no início do livro, na análise da mercadoria, quando se começa a falar de
um processo que se desenvolve às costas dos produtores, processo no qual eles
tomam parte, mas do qual não têm consciência. Este processo, que nada mais é do
que o desenvolvimento da própria categoria do capital, surge precisamente por
meio da reificação das relações sociais, reificação esta que se dá pela
objetificação fetichista do trabalho abstrato despedido nas mercadorias. Este
processo – processo que é feito pelos homens, mas do qual eles não têm
controle, não dominam, e pelo qual os próprios homens acabam sendo dominados –
faz da sociedade capitalista mais uma sociedade “opaca”, tal como as medievais,
mas sua “opacidade” não se deve ao vínculo religioso que a forma, mas sim ao
vínculo mercantil.”
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