Em março
de 1891 – oito anos após a morte de Marx – Engels traça um perfil dos políticos norte-americanos. Um
perfil com muitos pontos de contato com a avaliação popular dos similares
verde-amarelos, de 2014.
“Em
parte alguma os «políticos» formam um destacamento da nação mais separado e
mais poderoso do que precisamente na América do Norte. Ali, cada um dos dois
grandes partidos aos quais cabe alternadamente a dominação é ele próprio
governado por pessoas que fazem da política um negócio, que especulam com
lugares nas assembleias legislativas da União e de cada um dos Estados, ou que
vivem da agitação para o seu partido e são, após a vitória deste, recompensados
com cargos. É sabido que os americanos procuram, desde há trinta anos, sacudir
este jugo tornado insuportável e que, apesar de tudo, se atascam sempre mais
fundo nesse pântano da corrupção. É precisamente na América que podemos ver
melhor como se processa esta autonomização do poder de Estado face à sociedade,
quando originalmente estava destinado a ser mero instrumento desta. Não existe
ali uma dinastia, uma nobreza, um exército permanente — excetuados os poucos
homens para a vigilância dos índios — nem burocracia com emprego fixo ou
direito à reforma. E, não obstante, temos ali dois grandes bandos de
especuladores políticos que, revezando-se, tomam conta do poder de Estado e o
exploram com os meios mais corruptos para os fins mais corruptos — e a nação é
impotente contra estes dois grandes cartéis de políticos pretensamente ao seu
serviço, mas que na realidade a dominam e saqueiam.”
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