sábado, 1 de fevereiro de 2014

Os Hegelianos Marx e Engels.


Os “marxistas clássicos” - uma expressão que engloba os “marxistas-leninistas” (ainda existem, fora de Cuba e Coreia do Norte ?) – têm uma certa dificuldade em aceitar o hegelianismo de Marx/Engels. Para esse grupo, o hegelianismo de Marx foi uma aventura da juventude, expurgada na maturidade. Vale lembrar que Althusser recomenda “pular” o 1º Capítulo do primeiro volume de O Capital (o único revisto por Marx), em virtude da “influência hegeliana”, presente no conceito de fetichismo da mercadoria.
Os textos abaixo foram extraídos de um artigo de Engels, publicado no jornal Das Volk em agosto de 1859 ( oito anos antes da 1ª edição de O Capital) e dispensam comentários.
“O que distinguia o modo de pensar de Hegel de todos os outros filósofos era o enorme sentido histórico que lhe estava subjacente. Por abstrata e idealista que fosse a forma, o desenvolvimento do seu pensamento não deixava de ir sempre em paralelo com o desenvolvimento da história universal, e esta última, propriamente, não deverá ser senão a prova do primeiro. Ainda que, por este fato, a relação correta tenha sido também invertida e posta de pernas para o ar, o seu conteúdo real penetrou, contudo, por todo o lado, na filosofia; tanto mais que Hegel se diferenciava dos seus discípulos em que não se gabava, como eles, da sua ignorância, mas era uma das cabeças mais sábias de todos os tempos. Foi ele o primeiro a procurar mostrar um desenvolvimento, um encadeamento interno, na história e, por estranha que agora muita coisa na sua filosofia da história nos possa parecer, a grandiosidade da própria visão fundamental é ainda hoje digna de admiração, quando se lhe comparam os seus predecessores ou mesmo aqueles que depois dele se permitiram reflexões universais sobre a história. Na Fenomenologia, na Estética, na História da Filosofia, por toda a parte perpassa esta grandiosa concepção da história e, por toda a parte, a matéria é tratada historicamente, numa conexão determinada, ainda que também abstratamente distorcida, com a história.”
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“Marx era, e é, o único que podia entregar-se ao trabalho de tirar da casca da lógica hegeliana o núcleo que encerra as descobertas reais de Hegel neste domínio e de restabelecer o método dialético, despido das suas roupagens idealistas, na forma simples em que ele se torna a única forma correta de desenvolvimento do pensamento. Consideramos a elaboração do método que está na base da crítica de Marx à Economia Política como um resultado que, pelo seu significado, em quase nada é inferior à visão materialista fundamental.”


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