Desde a primeira
leitura da “Era das Revoluções”, ingressei no fã clube de Eric Hobsbawm. Em
1966, já sem ilusões em relação ao comunismo, Eric escreve “O Diálogo sobre o
Marxismo” que, em 1973, participaria do livro “Revolucionários” (editado no
Brasil pela Paz e Terra). No texto, afirma que “uma grande parte do marxismo
deve ser repensado e redescoberto”. Hoje, passados 44 anos, o desafio
permanece. Selecionei 2 parágrafos que evidenciam os equívocos a que todos nós,
ex-membros do “Partidão”, fomos induzidos.
“ Os comunistas vão
se dando conta, cada vez mais, de que o que aprenderam a acreditar e a repetir
não era simplesmente o “marxismo”, senão o marxismo conforme desenvolvido por
Lênin e congelado, simplificado, e às vezes distorcido sob Stalin, na União
Soviética. Que o “marxismo” não é um corpo de teorias e descobertas acabadas,
mas um processo de desenvolvimento; que o próprio pensamento de Marx, por
exemplo, continuou a se desenvolver durante toda sua vida. Que o marxismo tem,
sem dúvida, respostas potenciais, mas frequentemente nenhuma resposta efetiva
aos problemas concretos que hoje enfrentamos, em parte porque a situação mudou
desde Marx e Lênin, em parte porque nenhum dos dois disse nada sobre certos
problemas que já existiam em suas épocas e que são importantes para nós.”
...................................................................................................................................
“Não há atalhos para
o marxismo: nem o apelo a Lênin contra Stalin, nem a Marx, nem ao jovem Marx
contra o Marx da maturidade. Há somente trabalho árduo, longo e, nas atuais
circunstâncias, talvez não conducente a conclusões definitivas.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário