quarta-feira, 17 de julho de 2013

Nicholas Barbon. A "inspiração" do fetichismo da mercadoria?


Nos primeiros parágrafos de O Capital ( volume 1) Marx cita Nicholas Barbon (1640-1698)  em duas notas de pé de página. Barbon é dublê de médico e economista e criador do seguro de incêndio, a partir da catástrofe que destruiu Londres, em 1666. Já fiz uma postagem sobre o tema e resolvi pesquisar um pouco mais a obra de Barbon. Nas notas de O Capital, é citada a obra A Discourse on coining the new Money lighter, de 1696. Encontrei um outro texto, de 1690, que, segundo especialistas, seria o mais importante da produção de Barbon. Com todas as dificuldades de traduzir um texto em inglês do século 17, aceitei o desafio e reproduzo um pequeno trecho do “ Um discurso sobre o Comércio” ( A Discurse of Trade).
http://www.marxists.org/reference/subject/economics/barbon/trade.htm

“Do valor e do preço das mercadorias

O valor de todas as mercadorias tem origem na sua utilização. Coisas sem uso, não tem nenhum valor, como diz o ditado Inglês, elas são boas pra coisa alguma.

O uso das coisas, são para suprir as demandas e necessidades do homem. Há duas demandas genéricas que nascem com a humanidade: as demandas do corpo e as demandas da mente. Para suprir essas duas necessidades, todas as coisas sob o sol devem tornar-se úteis e, portanto, ter valor.
Mercadorias, úteis para suprir as demandas do corpo, são todas as coisas necessárias para sustentar a vida, como na estimativa comum, todos esses bens que são úteis para suprir as três necessidades básicas do homem: alimentos, roupas e alojamento. Porém, se cuidadosamente examinadas, nada é absolutamente necessário para sustentar a vida, com exceção da comida. Para a maior parte da humanidade andar sem roupa, e morar em cabanas e cavernas é aceitável, mas algumas coisas são absolutamente necessárias para suprir as necessidades do corpo.

Mercadorias, que têm o seu valor estabelecido como suprimento das necessidades da mente, satisfazem desejos. Desejo provoca demanda. É o apetite da alma, e é tão natural para a alma, como a fome para o corpo.
As demandas da mente são infinitas, o homem naturalmente aspira, e como a sua mente é elevada, seus sentidos se tornam mais refinados e mais aptos ao prazer, seus desejos são ampliados, e sua demanda cresce com os seus desejos, e a escassez das coisas, gratifica os seus sentidos, adorna seu corpo, e promove a facilidade, o prazer, e o esplendor da vida.

Entre a grande variedade de coisas para satisfazer as demandas da mente, aquelas que adornam o corpo, e fazem avançar o esplendor da vida, tem o uso mais geral, e em todas as idades, e entre todos os tipos da humanos, são as de maior valor.”



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