Em 1864,
termina a fase da “miséria londrina” na vida da família Marx. Karl recebe 850
libras da herança da mãe e cerca de 700 libras de um amigo (Lupus) que morre
celibatário. Segundo o livro de Françoise Giroud “Jenny Marx ou a mulher do
diabo” ( Record, tradução de Christina Cabo) os Marx mudam-se para “uma grande
casa de três andares, clara e espaçosa, em um bom bairro em frente a um parque”
e “mouro”, com Karl era tratado na intimidade, resolve aplicar parte do
dinheiro na Bolsa. Seguem trechos de duas carta – a primeira para o tio
Phillips, que morava na Holanda, e a segunda para o amigo de sempre, Engels.
“Não ficará surpreso em saber que apliquei na bolsa
de valores americana, mas especialmente nas ações inglesas, que proliferam este
ano como cogumelos. Ganhei, desta maneira, mais de 400 libras e vou recomeçar.
Este tipo de operação não toma muito tempo e podemos arriscar algum dinheiro
para apanhar o do inimigo!”
“É de novo o momento em que, com
inteligência e muitos poucos meios pode-se ganhar dinheiro em Londres.”
Destaque para o comentário da
autora, Giroud – fundadora da revista L’Express:
“ Mas não é encantadora essa imagem
de Marx fazendo frutificar, prudentemente, sua herança na bolsa de Londres ?”
Caro Elysio,
ResponderExcluirPeço licença p/ trazer comentário – por ser interessante, destaque-se – de todo afastado de seu ‘post’. Venho lendo, dentre outros, um ótimo livro que suponho deva conhecer chamado “JOSÉ E PILAR – Conversas inéditas”, escrito pelo lusitano MIGUEL GONÇALVES MENDES. Com efeito, na obra encontram-se reunidas entrevistas – realizadas pelo próprio autor, e sobre os mais diversos temas, é bom frisar – dadas por José Saramago e sua esposa, a jornalista espanhola Pilar del Río. Lá pelas tantas, li a seguinte piada sobre a chegada de Marx ao inferno – a qual já deve, provavelmente, ter ouvido – que me fez rir [pasme vc.!] bastante, in verbis: “(…) Karl Marx morreu e foi para o inferno, e como é natural começou a organizar sindicatos e tal, de maneira que começou a fazer ao Diabo a vida um inferno. Até que este pede por telefone ao São Pedro que o ajude: ‘Eh, pá, tenho aqui um tipo que é insuportável, organiza greves e tal, faz para aqui uma trapalhada... Vocês não querem recolhê-lo aí um tempo? Para ver se a mudança de ares...’. E o São Pedro diz: ‘Tá bem, manda-o para cá’. Passa o tempo e não havia notícias do céu, e o Diabo começa a preocupar-se: ‘O que é que terá acontecido por lá para não me dizerem nada? Porque se o tipo fez aquilo que fez no inferno, o que é que não terá feito no céu?’. Então resolveu telefonar para o São Pedro. ‘Então como é que vai tudo por aí?’ ‘Vai tudo bem...’ ‘Tudo bem mesmo?’ ‘Sim, sim... não temos aqui nenhum problema, está tudo muito bem, tudo muito calmo.’ ‘E Deus como está?’ ‘Camarada Satanás, Deus não existe.’”.
Abraço forte,
BR
Camarada BR,
ResponderExcluirNão li o livro do lusitano, mas a piada é excelente e exalta o lado militante do velho Karl. Um lado não muito bem sucedido na II Internacional, quando, para se livrar de Bakunin resolve transferir a sede para New York. A volta para Genebra, em 1873,é o encerramento das atividades....
Mais uma vez valeu a colaboração!!
abs
elysio
Camarada Elysio,
ResponderExcluirImportante lembrar ainda que muito embora, após protestar contra tal decisão, a Confederação Jurassiana – órgão de resistência anarquista, inspirado por Bakunin – tenha restado dissolvido, a queda da Internacional não foi imediata.
Apesar de livres de Bakunin, os integrantes do Conselho Geral – isolados na América – perderam força, considerando que suas deliberações já não ecoavam como outrora.
Com efeito, Marx não lutava, tão somente, contra a oposição anarquista, mas, igualmente, passou a enfrentar ataques de membros da Internacional, insatisfeitos com a [suposta] arrogância [em tese] por ele demonstrada.
Assim, forçoso concluir que a Internacional, já agonizante, acabou, de fato, sucumbindo após a aludida transferência.
Na esteira, portanto, do destacado por vc., Marx – após [penso eu, smj] o último Congresso da Internacional, realizado em Genebra no ano de 1873, ainda leal à doutrina marxista – acabou [lamentavelmente] afastando-se do movimento social.
Em tempo: (a) recomendo a leitura da obra; e (b) a piada foi contada por Saramago.
Abs,
BR
Camarada BR,
ResponderExcluirLocalizei a íntegra da piada do Saramago:
Karl Marx morre e sua alma acaba de chegar ao Reino dos Mortos. Como fora ateu, é enviado para o Inferno porem chegando la é barrado pelo Diabo:
- Desculpe, mas não posso aceitá-lo aqui, voce costuma causar revolta por onde passa, vá ao Céu e trate com Deus.
Como Deus acolhe a Todos, Marx entra nos Céus.
Uma semana depois,o Diabo tem um ataque de culpa e liga para o Céu:
- Alô, quem fala?
- Gabriel, exelentissimo Camarada!
- É Do Ceu?
- Sim, Camarada!
- Gostaria de falar com São Pedro.
- São Pedro está em greve, por ter trabalhado demais como porteiro, está exigindo seus direitos trabalhistas.
- Hum... Certo, então voce poderia chamar Deus?
- Deus não existe!
Camarada Elysio,
ExcluirNão é à toa que recebe o tratamento de “Mestre”! Em poucos minutos, chegou à versão oficial da anedota contada por Saramago. Creio que, no “calor” da entrevista, suas palavras tenham tomado outro contorno. Com efeito, muito embora – mutatis mutandis – o desfecho seja, praticamente, o mesmo, resta inegável – notadamente pela maior quantidade de detalhes – ser a versão original mais interessante. Destaque-se, v.g., o tratamento dispensado por Gabriel – já ao atender ao telefonema - ao Diabo: “Camarada”. Sensacional! Por fim, não sabia que o Diabo também padece de “ataque de culpa”...[Risos].
Abs,
BR