quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

18 Brumário. Os prefácios de Marx e Engels.


Em 1885, 33 anos após a primeira edição do “18 Brumário”, Engels escreve o prefácio da terceira edição alemã. Exalta o conhecimento que Marx tinha da história da França e enfatiza o seu pioneirismo no estabelecimento de que todas as lutas históricas nada mais são que lutas de classes sociais. Segue um trecho:
“A França é o país em que as lutas históricas de classes sempre foram levadas mais do que em nenhum outro lugar ao seu termo decisivo e onde, portanto, as formas políticas mutáveis dentro das quais se movem estas lutas de classes e nas quais se assumem os seus resultados, adquirem os contornos mais acusados. Centro do feudalismo na Idade Média e país modelo da monarquia unitária de estados [ou ordens sociais – standische] desde o Renascimento a França demoliu o feudalismo na grande revolução e fundou a dominação pura da burguesia sob uma forma clássica como nenhum outro país da Europa. Também a luta do proletariado cada vez mais vigoroso contra a burguesia dominante reveste aqui uma forma aguda, desconhecida noutras partes. Esta foi a razão por que Marx não só estudava com especial predileção a história passada francesa, mas também seguia em todos os seus pormenores a história em curso, reunindo os materiais para os empregar posteriormente, e portanto nunca se via surpreendido pelos acontecimentos.”
Em 1869, no prefácio da 2ª edição, Marx também enfatiza o papel “transformador” da luta de classes, após mais uma crítica (pra variar...) à Proudhon:
“....Proudhon tenta apresentar o golpe de estado como resultado de um desenvolvimento histórico anterior. Mas, nas suas mãos, a construção histórica do golpe de Estado transforma-se numa apologia histórica do herói do golpe de Estado. Cai com isso no erro dos nossos pretensos historiadores objetivos. Eu, pelo contrário, demonstro como a luta de classes criou na França as circunstâncias e as condições que permitiram a um personagem medíocre e grotesco representar o papel de herói.”

2 comentários:

  1. Caro Elysio,
    A propósito das críticas de Marx às idéias de Proudhon, vale destacar a carta do velho Karl encaminhada a Annenkov, em dezembro de 1846.
    Com efeito, naquele documento, Marx valeu-se de sua "artilharia pesada" -- ao comentar, em especial, o livro "Filosofia da Miséria", de Proudhon --, chegando, inclusive, a afirmar, v.g., ser "o bom Sr. Proudhon (...) assaltado por veementes convulsões espirituais". (Risos)
    Bem vistas as coisas, sua contundente carta surtiu efeito, como se pode perceber através do seguinte trecho da resposta de Annenkov, datada de janeiro de 1847: "Sua opinião sobre o livro de Proudhon produziu em mim um efeito verdadeiramente vivificante, devido à sua precisão, clareza e, sobretudo, toda essa tendência de manter-se nos limites da realidade".
    Tratava-se, na realidade, do famoso embate entre o Socialismo Científico e o Proudhonismo.
    Forte abraço,
    BR
    PS: 1) Precisamos, enfim, marcar aquele café!; e 2) Lembranças à titia.

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  2. Caro BR,
    E ainda, em pleno século 21, ainda existe quem acredite em socialismo científico...
    O café pode ser na quinta de cinzas.
    abs

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