Em 1885,
33 anos após a primeira edição do “18 Brumário”, Engels escreve o prefácio da
terceira edição alemã. Exalta o conhecimento que Marx tinha da história da
França e enfatiza o seu pioneirismo no estabelecimento de que todas as lutas
históricas nada mais são que lutas de classes sociais. Segue um trecho:
“A
França é o país em que as lutas históricas de classes sempre foram levadas mais
do que em nenhum outro lugar ao seu termo decisivo e onde, portanto, as formas
políticas mutáveis dentro das quais se movem estas lutas de classes e nas quais
se assumem os seus resultados, adquirem os contornos mais acusados. Centro do
feudalismo na Idade Média e país modelo da monarquia unitária de estados [ou
ordens sociais – standische] desde o Renascimento a França demoliu o feudalismo
na grande revolução e fundou a dominação pura da burguesia sob uma forma clássica
como nenhum outro país da Europa. Também a luta do proletariado cada vez mais
vigoroso contra a burguesia dominante reveste aqui uma forma aguda,
desconhecida noutras partes. Esta foi a razão por que Marx não só estudava com
especial predileção a história passada francesa, mas também seguia em todos os
seus pormenores a história em curso, reunindo os materiais para os empregar
posteriormente, e portanto nunca se via surpreendido pelos acontecimentos.”
Em 1869,
no prefácio da 2ª edição, Marx também enfatiza o papel “transformador” da luta
de classes, após mais uma crítica (pra variar...) à Proudhon:
“....Proudhon
tenta apresentar o golpe de estado como resultado de um desenvolvimento histórico
anterior. Mas, nas suas mãos, a construção histórica do golpe de Estado
transforma-se numa apologia histórica do herói do golpe de Estado. Cai com isso
no erro dos nossos pretensos historiadores objetivos. Eu, pelo contrário, demonstro
como a luta de classes criou na França as circunstâncias e as condições que
permitiram a um personagem medíocre e grotesco representar o papel de herói.”
Caro Elysio,
ResponderExcluirA propósito das críticas de Marx às idéias de Proudhon, vale destacar a carta do velho Karl encaminhada a Annenkov, em dezembro de 1846.
Com efeito, naquele documento, Marx valeu-se de sua "artilharia pesada" -- ao comentar, em especial, o livro "Filosofia da Miséria", de Proudhon --, chegando, inclusive, a afirmar, v.g., ser "o bom Sr. Proudhon (...) assaltado por veementes convulsões espirituais". (Risos)
Bem vistas as coisas, sua contundente carta surtiu efeito, como se pode perceber através do seguinte trecho da resposta de Annenkov, datada de janeiro de 1847: "Sua opinião sobre o livro de Proudhon produziu em mim um efeito verdadeiramente vivificante, devido à sua precisão, clareza e, sobretudo, toda essa tendência de manter-se nos limites da realidade".
Tratava-se, na realidade, do famoso embate entre o Socialismo Científico e o Proudhonismo.
Forte abraço,
BR
PS: 1) Precisamos, enfim, marcar aquele café!; e 2) Lembranças à titia.
Caro BR,
ResponderExcluirE ainda, em pleno século 21, ainda existe quem acredite em socialismo científico...
O café pode ser na quinta de cinzas.
abs