Em dezembro de 2003, Álvaro Cunhal, figura histórica do movimento comunista internacional, produz uma reflexão sobre “O Mundo de Hoje” para o Encontro Internacional «América Latina: su potencialidad transformadora en el mundo de hoy». Cunhal reconhece que o avanço revolucionário deflagrado em 1917 perdeu impulso, entre outras razões, pela burocratização do poder na União Soviética.
“Uma falsa avaliação da situação criou porém nas forças revolucionárias uma ilusão: que era irreversível o avanço revolucionário e o processo em curso de libertação da humanidade.
Para essa ilusão não se tiveram em conta três realidades.
A primeira: a capacidade mostrada pelo capitalismo, mais que os países socialistas, de não só desenvolver as forças produtivas, como de descobrir, desenvolver e aplicar novas e revolucionárias tecnologias.
A segunda: a utilização pelo imperialismo, designadamente pelos Estados Unidos, de colossais meios materiais e ideológicos, a repressão brutal contra os trabalhadores e os povos em luta, colossais meios financeiros, econômicos, políticos e militares contra as revoluções, bloqueios, sabotagens, atentados, conspirações, ações terroristas e guerras declaradas e não declaradas.
A terceira: as tendências crescentes nos países socialistas, nomeadamente na União Soviética, para a centralização e burocratização do poder e para a estagnação, pondo em perigo o futuro da sociedade socialista em construção.
Todos estes elementos em conjunto conduziram, na segunda metade do século XX, à vitória do capitalismo na competição com o socialismo.”
Íntegra do texto em www.marxists.org/portugues/cunhal/2003/12/mundo.htm
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