Paul Lafargue, genro de Marx, fala da relação do sogro com os livros.
“No decurso de uma conversa, interrompia-se com freqüência para mostrar num livro uma passagem ou cifra que queria citar. Estava tão identificado com o ambiente de seu aposento que os livros lhe obedeciam como partes do próprio corpo.
Na maneira de dispor seus livros, ele não dava importância à simetria formal. Volumes de todo tamanho, misturados a folhetos, confundiam-se pitorescamente. Não os arrumava de acordo com as dimensões, mas levando em conta o assunto. Para Marx, os livros representavam instrumentos de trabalho e não objetos de luxo. Afirmava: “Os livros são meus escravos e hão de servir-me de acordo com meus desejos e com toda a pontualidade”.
Sem levar em conta o formato ou a beleza gráfica, maltratava os livros, dobrava-os em ângulo, borrava-os e sublinhava tal ou qual trecho. Não fazia anotações nos livros, mas marcava-os com um ponto de exclamação ou interrogação quando o autor passava das medidas. Seu sistema de sublinhar permitia-lhe ir ao assunto sempre que julgasse oportuno. Tinha o costume de reler seus cadernos de anotações e as passagens sublinhadas nos livros, guardando os assuntos fielmente na memória, que era de uma extraordinária precisão. Exercitou-a desde a adolescência. Seguindo os conselhos de Hegel, decorava versos escritos em línguas desconhecidas para ele.”
Livros como "instrumentos de trabalho", perfeito. Como dito, "sem teoria revolucionária não há prática revolucionária".
ResponderExcluir"A teoria sem a prática é puro verbalismo inoperante, a prática sem a teoria é um atavismo cego." já dizia mestre Paulo Freire
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