domingo, 29 de maio de 2011

Proletário X Escravo e Proletário X Servo


Em seu “Princípios básicos do comunismo” (1847), Engels procura demonstrar as diferenças entre proletário e servo e proletário e escravo.
“O escravo está vendido de uma vez para sempre; o proletário tem de se vender a si próprio diariamente e hora a hora. O indivíduo escravo, propriedade de um senhor, tem uma existência assegurada, por muito miserável que seja, em virtude do interesse do senhor; o indivíduo proletário – propriedade, por assim dizer, de toda a classe burguesa -, a quem o trabalho só é comprado quando alguém dele precisa, não tem a existência assegurada. Esta existência está apenas assegurada a toda a classe dos proletários. O escravo está fora da concorrência, o proletário está dentro dela e sente todas as suas flutuações. O escravo vale como uma coisa, não como um membro da sociedade civil; o proletário é reconhecido como pessoa, como membro da sociedade civil. O escravo pode, portanto, levar uma existência melhor do que a do proletário, mas o proletário pertence a uma etapa superior do desenvolvimento da sociedade e está ele próprio numa etapa superior à do escravo. O escravo liberta-se ao abolir, de entre todas as relações de propriedade privada, apenas a relação de escravatura e ao tornar-se, assim, ele próprio proletário; o proletário só pode libertar-se ao abolir a propriedade privada em geral.
O servo tem a posse e o usufruto de um instrumento de produção, de uma porção de terra, contra a entrega de uma parte do produto, ou contra a prestação de trabalho. O proletário trabalha com instrumentos de produção de outrem por conta desse outrem, contra o recebimento de uma parte do produto. O servo entrega, o proletário recebe. O servo tem uma existência assegurada, o proletário não a tem. O servo está fora da concorrência, o proletário está dentro dela. O servo liberta-se fugindo para as cidades e tornando-se aí artesão, ou dando ao seu amo dinheiro, em vez de trabalho e produtos, e tornando-se rendeiro livre, ou expulsando o senhor feudal e tornando-se ele próprio proprietário: em suma, entrando, de uma ou de outra maneira, na classe proprietária e na concorrência. O proletário liberta-se abolindo a concorrência, a propriedade privada e todas as diferenças de classes.

sábado, 28 de maio de 2011

Princípios básicos do comunismo by Engels, 2


Em novembro de 1847, alguns meses antes da divulgação do “Manifesto”, Engels produz um texto “didático” com perguntas e respostas para explicar os “Princípios Básicos do Comunismo”. A pergunta numero 6 é “Que classes de trabalhadores houve antes da revolução industrial?”
R – “Conforme as diferentes etapas de desenvolvimento da sociedade, as classes trabalhadoras viveram em condições diversas e tiveram posições igualmente diversas em relação às classes proprietárias e dominantes. Na Antiguidade, os trabalhadores eram escravos dos proprietários, como ainda o são em muitos países atrasados, como no sul dos Estados Unidos. Na Idade Média eram servos dos nobres proprietários de terras, como ainda o são na Hungria, na Polônia e na Rússia. Na Idade Média, e até à revolução industrial, houve ainda, além disso, nas cidades, oficiais artesãos que trabalhavam ao serviço de mestres pequeno-burgueses e, pouco e pouco, com o desenvolvimento da manufatura, apareceram os operários das manufaturas que eram já empregados por grandes capitalistas.”

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Princípios básicos do comunismo by Engels, 1


Em novembro de 1847, alguns meses antes da divulgação do “Manifesto”, Engels produz um texto “didático” com perguntas e respostas para explicar os “Princípios Básicos do Comunismo”. A resposta à questão “sempre houve proletários?”é simples e direta:
“Não. Classes pobres e trabalhadoras sempre houve; e as classes trabalhadoras eram, na maioria dos casos, pobres. Mas nem sempre houve estes pobres, estes operários vivendo nas condições que acabamos de assinalar, portanto, [nem sempre houve] proletários, do mesmo modo que a concorrência nem sempre foi livre e desenfreada.”
A pergunta seguinte é sobre a origem do proletariado.
“Resposta: O proletariado apareceu com a revolução industrial, que se processou na Inglaterra na segunda metade do século passado e que, desde então, se repetiu em todos os países civilizados do mundo. Esta revolução industrial foi ocasionada pela invenção da máquina a vapor, das várias máquinas de fiar, do tear mecânico e de toda uma série de outros aparelhos mecânicos. Estas máquinas, que eram muito caras e, portanto, só podiam ser adquiridas pelos grandes capitalistas, transformaram todo o modo de produção anterior e suplantaram os antigos operários, na medida em que as máquinas forneciam mercadorias mais baratas e melhores do que as que os operários podiam produzir com as suas rodas de fiar e teares imperfeitos. Estas máquinas colocaram, assim, a indústria totalmente nas mãos dos grandes capitalistas e tornaram a escassa propriedade dos operários (ferramentas, teares, etc.) completamente sem valor, de tal modo que, em breve, os capitalistas tomaram tudo nas suas mãos e os operários ficaram sem nada. Assim se instaurou na confecção de tecidos o sistema fabril. Uma vez dado o impulso para a introdução da maquinaria e do sistema fabril, este sistema foi também muito rapidamente aplicado a todos os restantes ramos da indústria, nomeadamente, à estampagem de tecido e à impressão de livros, à olaria, à indústria metalúrgica. O trabalho foi cada vez mais dividido entre cada um dos operários, de tal modo que o operário que anteriormente fizera toda uma peça de trabalho agora passou a fazer apenas uma parte dessa peça. Esta divisão do trabalho tornou possível que os produtos fossem fornecidos mais depressa e, portanto, mais baratos. Ela reduziu a atividade de cada operário a um gesto mecânico muito simples, repetido mecanicamente a cada instante, o qual podia ser feito por uma máquina não apenas tão bem, mas ainda muito melhor. Deste modo, todos estes ramos da indústria caíram, um após outro, sob o domínio da força do vapor, da maquinaria e do sistema fabril, da mesma maneira que a fiação e a tecelagem.”

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Marx e os livros


Paul Lafargue, genro de Marx, fala da relação do sogro com os livros.
“No decurso de uma conversa, interrompia-se com freqüência para mostrar num livro uma passagem ou cifra que queria citar. Estava tão identificado com o ambiente de seu aposento que os livros lhe obedeciam como partes do próprio corpo.
Na maneira de dispor seus livros, ele não dava importância à simetria formal. Volumes de todo tamanho, misturados a folhetos, confundiam-se pitorescamente. Não os arrumava de acordo com as dimensões, mas levando em conta o assunto. Para Marx, os livros representavam instrumentos de trabalho e não objetos de luxo. Afirmava: “Os livros são meus escravos e hão de servir-me de acordo com meus desejos e com toda a pontualidade”.
Sem levar em conta o formato ou a beleza gráfica, maltratava os livros, dobrava-os em ângulo, borrava-os e sublinhava tal ou qual trecho. Não fazia anotações nos livros, mas marcava-os com um ponto de exclamação ou interrogação quando o autor passava das medidas. Seu sistema de sublinhar permitia-lhe ir ao assunto sempre que julgasse oportuno. Tinha o costume de reler seus cadernos de anotações e as passagens sublinhadas nos livros, guardando os assuntos fielmente na memória, que era de uma extraordinária precisão. Exercitou-a desde a adolescência. Seguindo os conselhos de Hegel, decorava versos escritos em línguas desconhecidas para ele.”

Marx e a paixão por Shakespeare


Paul Lafargue – casado com Laura, filha de Marx – conta a relação de Marx com a obra do dramaturgo inglês e seu profundo conhecimento de todos os personagens.
“Sabia de cor as obras de Heine e Goethe e citava, de memória, trechos desses autores. Lia poetas de todas as literaturas européias. Anualmente, relia Ésquilo, no texto grego original. Considerava Ésquilo e Shakespeare os dois maiores gênios dramáticos de todos os tempos. Dedicou-se a estudar profundamente a obra de Shakespeare, por quem sentia admiração sem limites. Conhecia o caráter de todas as personagens criadas pelo dramaturgo inglês. Da sua devoção ao poeta de Hamlet compartilhava toda a família, tanto que suas filhas conheciam de cor os trabalhos de Shakespeare.
Depois de 1848, querendo se aperfeiçoar no conhecimento da língua inglesa, pesquisou e classificou as expressões de Shakespeare. Fez o mesmo com parte da obra do polemista inglês William Cobbert  a quem grandemente se afeiçoara. Entre seus poetas favoritos, contavam-se Dante e Robert Burns Tinha verdadeiro prazer em ouvir as filhas recitarem-lhe fragmentos de sátiras ou madrigais do poeta escocês.”

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O aposento de Marx.


Paul Lafargue - casado com Laura, filha de Marx – faz uma descrição detalhada do ambiente de trabalho do sogro em Maitland Park Road ( Londres), o local para onde acorriam camaradas de todos os cantos do mundo para conversar com o mestre. Maitland Park Road,41 foi a residência do filósofo desde março de 1875 até sua morte em 1883.
“O aposento de Marx possui seu sentido histórico. É preciso conhecê-lo para penetrar na intimidade da vida intelectual de Marx.
Estava situado no primeiro pavimento e o largo balcão, por onde penetrava abundante luz, dava para o parque. De um e de outro lado da lareira e de frente para a janela, estavam as estantes repletas de livros, pacotes de jornais e manuscritos. Diante da lareira, de um dos lados da janela, viam-se duas mesas cobertas de papéis, livros e jornais. No centro da sala, na parte mais clara, havia uma mesa singela, de 1 metro de comprimento por 17 centímetros de largura, e uma poltrona de madeira. Entre ela e as estantes, diante da janela, via-se um divã de couro que Marx utilizava para descansar, de vez em quando. Sobre a lareira, havia também livros misturados com cigarros e maços de tabaco, retratos de suas filhas, de sua companheira, de Wilhelm Wolfe e de Friedrich Engels.
Marx era fumante inveterado. “O Capital”, dizia-me, “jamais me dará o que já gastei em fumo enquanto o escrevia”. Gastava muitos fósforos. Distraído, com tanta freqüência deixava o cachimbo ou o cigarro se apagar que, para reacendê-los, desperdiçava incrível quantidade de fósforos.
Não permitia que ninguém lhe arrumasse – ou, melhor, lhe desarrumasse – os papéis. Na realidade, essa desordem era apenas aparente. Tudo estava no seu devido lugar. Encontrava sempre sem esforço o livro ou o papel que necessitasse.

domingo, 22 de maio de 2011

Sismondi - pequeno burguês, mas consciente.


"Sismondi é profundamente consciente das contradições da produção capitalista”.
A afirmativa de Marx, em “Teorias da Mais –Valia”, evidencia que quando classifica o economista e historiador de pequeno burguês faz uma critica à sua postura “reformista” - Sismondi acreditava que seria possível controlar a exploração capitalista com a intervenção do Estado, sem revolução – mas, tem admiração pela sua obra.
 Artigo de Sismondi de 1835 – quando Marx tinha 17 anos – resume o pensamento do suíço. “Os filósofos podem sonhar com uma ordem social em que todas as distinções sejam aniquiladas, em que todos os homens sejam iguais; mas eles só podem aplicar sua teoria a uma comunidade imaginária que abjure todas as vantagens nas quais a distinção se fundamenta; uma comunidade sem memória do passado, sem elegância de costumes, sem instrução e sem riqueza; uma comunidade onde todo o trabalho para um fundo comum eliminaria as vantagens que a vida civilizada permitiu ao homem adquirir; onde todos perderiam a emulação que atualmente sustenta a coragem e onde cada qual colocaria sua indolência pessoal em oposição às necessidades da comunidade, desonerando-se de suas tarefas com repugnância sob as ordens de uma autoridade que logo se tornaria tirânica e odiada”. Qualquer semelhança com o stalinismo não é mera coincidência.

Sismondi ( Jean Charles Leonard Simonde de Sismondi) 1773 – 1842 foi um importante economista e historiador  suíço que desenvolveu teses pioneiras sobre as crises do capitalismo e a maior participação dos trabalhadores nos benefícios do crescimento econômico. Seu pensamento teve forte influência sobre Marx e Keynes.
 

sábado, 21 de maio de 2011

O pedestal passivo da luta de classes.


No prefácio da 2ª edição do 18 Brumário, Marx  faz uma curiosa análise da luta de classes na Roma Antiga e conclui que a semelhança entre as criaturas políticas daquela época e a de 1869 era a mesma que a existente entre o Papa e o arcebispo de Cantuária ( líder espiritual da Igreja Anglicana). E qual seria a semelhança entre as criaturas políticas de 1869 e 2011?
“Finalmente, confio em que a minha obra contribuirá para eliminar esse lugar-comum do chamado cesarismo, tão corrente, sobretudo atualmente, na Alemanha. Nesta superficial analogia histórica esquece-se o principal, nomeadamente que na antiga Roma, a luta de classes apenas se processava entre uma minoria privilegiada, entre os ricos livres e os pobres livres, enquanto a grande massa produtiva da população, os escravos, formavam um pedestal puramente passivo para aqueles lutadores. Esquece-se a importante sentença de Sismondi (1): o proletariado romano vivia à custa da sociedade, enquanto a moderna sociedade vive à custa do proletariado. A diferença das condições materiais, econômicas, da luta de classes antiga e moderna é tão completa que as suas criaturas políticas respectivas não podem ter mais semelhança umas com as outras que o arcebispo de Cantuária com o pontífice Samuel.
Londres, 23 de Junho de 1869.
Karl Marx “
(1). Sismondi ( Jean Charles Leonard Simonde de Sismondi) 1773 – 1842 foi um importante economista e historiador  suíço que desenvolveu teses pioneiras sobre as crises do capitalismo e a maior participação dos trabalhadores nos benefícios do crescimento econômico. Seu pensamento teve forte influência sobre Marx  (vide a referência acima) e Keynes

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Manifesto do PCB no 1º de maio de 1953. Parte 2


O manifesto do “Partidão” do Dia do Trabalho clama pelo aumento geral de salários, imediata elevação de 100% do salário mínimo e baixa imediata dos preços de todos os artigos de consumo. Em seu conjunto, temas talvez mais ambiciosos que a revolução proletária...
“Camaradas trabalhadores!
Avante para a luta e para a vitória! Ganhemos as ruas e demonstremos que já tomamos em nossas mãos poderosas a grande causa da paz, a grande causa de nosso povo que não pode morrer de fome nem quer servir de carne de canhão para os banqueiros imperialistas!
Contra o "Acordo Militar" com os Estados Unidos, exijamos sua denuncia imediata. Nenhum soldado brasileiro para a Coréia! Fora com os generais e as tropas americanas do nosso solo!
Por um Pacto de Paz das cinco grandes potências! Pela paz imediata na Coréia!
Pelo aumento geral de salários e imediata elevação de cem por cento do salário mínimo oficial! Pela baixa imediata dos preços de todos os artigos de consumo popular, inclusive dos remédios, da roupa e do calçado para o povo! Cadeia para os esfomeadores do povo!
Pela liberdade de todos os operários grevistas presos ou processados e de todos os presos e perseguidos políticos! Contra as novas leis fascistas! Abaixo o terror policial!
Por um Governo Democrático Popular! Viva a união de todos os brasileiros em ampla Frente Democrática de Libertação Nacional!
Viva a gloriosa União Soviética, baluarte da Paz no mundo inteiro! Jamais participaremos de uma guerra contra a Pátria do Socialismo!
Viva o proletariado brasileiro! Viva o seu Partido de vanguarda — o Partido Comunista do Brasil!
Viva a solidariedade internacional dos trabalhadores!
Rio, abril de 1953.
O Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil “
Vide a íntegra da panacéia universal em

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Manifesto do PCB no 1º de maio de 1953. Parte 1

O manifesto do “Partidão” do Dia do Trabalho de 1953 acusa Getúlio de traição nacional e de preparação do Brasil para a guerra ( da Coréia) e comemora as vitórias alcançadas na construção do socialismo “desde as margens do Elba, no centro da Europa, até a China e a Coréia”. Poucos meses depois – outubro – Vargas sanciona a lei 2003, que cria a Petrobras. E no ano seguinte, se suicida após campanha da extrema direita, liderada por Carlos Lacerda. O trecho abaixo mostra como, na ótica do PCB, a União Soviética “avança triunfalmente no caminho da construção da sociedade comunista”.
“Trabalhadores!
Camaradas e amigos!
Numa terça parte do mundo, que se estende desde as margens do Elba no centro da Europa até a China e a Coréia, 800 milhões de pessoas já estão livres das cadeias da exploração capitalista e fazem por isso do 1.° de Maio um dia de alegria e festejam as novas vitórias alcançadas na construção do socialismo, reafirmam sua vontade de paz e amizade com todos os povos. À frente deste poderoso campo da paz está a gloriosa União Soviética, fortaleza invencível, baluarte da paz no mundo inteiro, que avança triunfalmente no caminho da construção da sociedade comunista. Sob a direção do grande Partido de Lênin e Stalin, os povos soviéticos erguem as grandiosas obras do comunismo, melhoram ininterruptamente suas condições de vida, elevam a níveis jamais vistos a própria cultura. Enquanto no mundo capitalista aumentam todos os dias a miséria e a exploração dos trabalhadores, na União Soviética baixam progressivamente os preços de todos os produtos de consumo popular — as rebaixas de preços se sucedem e constituem a manifestação mais evidente da política de paz do governo soviético que se orienta no sentido de assegurar o bem-estar crescente de toda a população. As rebaixas de preços na U.R.S.S. traduzem o crescente poderio econômico do Estado soviético, base indestrutível de seu poderio militar cada dia maior e invencível. Os heróicos trabalhadores da União Soviética mostram, neste 1.° de Maio, aos povos do mundo inteiro o caminho para um futuro feliz e luminoso.
Em nosso país é sob o signo de grandes lutas da classe operária e de todo o povo contra a miséria crescente que comemoramos este ano a grande data dos trabalhadores. Uma onda de indignação popular contra a política de guerra e fome, de traição nacional e de terror policial do Sr. Vargas avança pelo país inteiro e à frente do povo ergue-se em lutas memoráveis a classe operária.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Marx X Adam Smith X Keynes parte 3



A mais eficaz medida de interesse por um tema na web é o numero de “resultados” em uma busca no Google. Em 6 de janeiro de 2011, eram os seguintes os resultados para Marx – 24,4 milhões; Adam Smith – 11 milhões e Keynes – 13,5 milhões.  Em 3 de março os números eram Marx – 48,7 milhões; Adam Smith – 14,8 milhões; Keynes – 22,3 milhões. Em 18 de maio, Marx – 50,9 milhões; Adam Smith – 15,3 milhões; Keynes – 33,7 milhões.
A cada dia, o velho Karl é mais revisitado !!!!!!!

Freud complementa Marx ?


Para quem ainda duvida da interrelação das ideias de Freud e Marx sugiro um teste : uma busca no Google com Marx + Freud. O resultado em 18/05/11: quase 5 milhões de ocorrências ( 4.940.000). Já fizemos uma meia dúzia de postagens sobre o tema e novas virão. Segundo Paul Mattick, o livro “Eros e Civilização. Um inquérito filosófico do pensamento de Freud” é uma tentativa de Marcuse de ler Marx em Freud. Selecionei um trecho do livro de Erich Fromm, “Meu encontro com Marx e Freud” que fala das semelhanças e diferenças.
“ Marx tinha uma percepção muito mais profunda da natureza do processo social e era mais independente que Freud em relação às ideologias sociais e políticas de sua época. Freud tinha uma percepção mais profunda da natureza do processo do pensamento humano, dos afetos e paixões, embora não transcendesse os princípios da sociedade burguesa. Ambos nos deram os instrumentos intelectuais para romper a falsidade da racionalização e das ideologias, e penetrar, assim, na essência da realidade individual e social. “

terça-feira, 17 de maio de 2011

Marxismo soviético


Leandro Konder, em seu último livro – “Em torno de Marx” – comenta a irritação dos militantes comunistas com o livro de Marcuse que levantava a tese que o marxismo ao invés de transformar a URSS fora transformado por ela. Algo semelhante ao marxismo chinês de nossos dias. Tudo leva a crer que a reflexão de Moishe Postone de que as tentativas de substituir o capitalismo pelo socialismo sucumbiram graças à manutenção do sistema de produção capitalista. Tai a China para validar a tese. Vale a pena a leitura do texto de Konder.
“ O “marxismo” oficialmente adotado pelos partidos comunistas e pela União Soviética encastelava-se em Formulas ideológicas desgastadas, envelhecidas. No livro “O marxismo soviético”, Marcuse dizia que o marxismo, em vez de transformar a realidade socioeconômica existente na URSS, fora transformado por ela e se tornara uma ideologia de legitimação de uma vasta organização estatal e de uma complexa máquina político-partidária. Por sua falta de vigor critico, tornava-se cúmplice do sistema capitalista contra o qual havia sido criado.”

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Mundo de Cunhal, em 2003


Em dezembro de 2003, Álvaro Cunhal, figura histórica do movimento comunista internacional, produz uma reflexão sobre “O Mundo de Hoje” para o Encontro Internacional «América Latina: su potencialidad transformadora en el mundo de hoy». Cunhal reconhece que o avanço revolucionário deflagrado em 1917 perdeu impulso, entre outras razões, pela burocratização do poder na União Soviética.
“Uma falsa avaliação da situação criou porém nas forças revolucionárias uma ilusão: que era irreversível o avanço revolucionário e o processo em curso de libertação da humanidade.
Para essa ilusão não se tiveram em conta três realidades.
A primeira: a capacidade mostrada pelo capitalismo, mais que os países socialistas, de não só desenvolver as forças produtivas, como de descobrir, desenvolver e aplicar novas e revolucionárias tecnologias.
A segunda: a utilização pelo imperialismo, designadamente pelos Estados Unidos, de colossais meios materiais e ideológicos, a repressão brutal contra os trabalhadores e os povos em luta, colossais meios financeiros, econômicos, políticos e militares contra as revoluções, bloqueios, sabotagens, atentados, conspirações, ações terroristas e guerras declaradas e não declaradas.
A terceira: as tendências crescentes nos países socialistas, nomeadamente na União Soviética, para a centralização e burocratização do poder e para a estagnação, pondo em perigo o futuro da sociedade socialista em construção.
Todos estes elementos em conjunto conduziram, na segunda metade do século XX, à vitória do capitalismo na competição com o socialismo.”
Íntegra do texto em www.marxists.org/portugues/cunhal/2003/12/mundo.htm

sábado, 14 de maio de 2011

O desaparecimento da religião.


Em dezembro de 1878, Marx teria concedido entrevista à Chicago Tribune, cuja  autenticidade é questionada até hoje. Vale a transcrição de uma pergunta provocante sobre religião e a resposta suave, mas delirante – vide a Rússia e Cuba.
“Pergunta – Atribui-se ao senhor, como a seus partidários, Dr. Marx, toda sorte de propósito incendiários contra a religião. Com toda certeza, o senhor veria com prazer a eliminação radical deste sistema?
Marx – Não ignoramos que é insensato tomar medidas violentas contra a religião. Segundo nossas concepções, a religião desaparecerá à medida que o socialismo se fortalecer. A evolução social vai, infalivelmente, favorecer esse desaparecimento, no qual cabe à educação um papel importante.”


sábado, 7 de maio de 2011

André Breton une Marx e Rimbaud


Em “Les Vases Communicants”, Breton procura demonstrar que o mundo real e o mundo de sonho são um único mundo, mas que essa união passa por uma profunda transformação social. Assim, ele agrega  frases célebres de Rimbaud e Marx: “transformer le monde a dit Marx, changer la vie, a dit Rimbaud, ces deux mots d’ordre pour nous n’en font qu’un”

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O PC da URSS e o PT. Os riscos da cisão latente.


Outubro de 1926. O Birô Político do PC Italiano entrega a Gramsci a tarefa de redigir uma carta ao Comitê Central do PC da URSS alertando para os riscos das polêmicas internas, às vésperas da 15ª Conferência do PCURSS.
O último parágrafo contém uma advertência que, se verdadeira, já teria ferido de  morte o Partido do Lula, do Delúbio e do Zé Dirceu.
“Os prejuízos de um erro cometido pelo partido unido são facilmente superáveis; os prejuízos de uma cisão ou de uma prolongada situação de cisão latente podem ser irreparáveis e mortais.
Com saudações comunistas,
o Birô Político do PCI”