quinta-feira, 15 de junho de 2017

O TRABALHO. DO TEAR A VAPOR `A ERA DA AUTOMAÇÃO.

Trabalho, mercadoria e capital. Três temas presentes em toda a obra da maturidade de Marx. Sobre o tema trabalho, selecionei dois trechos de sua obra maior – O Capital (1867) No segundo trecho sublinhei a referência à ciência e tecnologia na determinação da “força produtiva do trabalho”.
Na sequência, seguem trechos do artigo de Laura Tyson ( Valor Econômico – 12/06/2017) que descrevem como os avanços na inteligência artificial e na robótica estão transformando o trabalho, eliminando cerca de 400 mil empregos anualmente nos EUA. Com certeza, mudanças radicais também ocorreram na mercadoria e no capital nesses 150 anos. Um desafio a cada postagem deste blog.

O Capital Livro 1 – Karl Marx (1867)
“Após a introdução do tear a vapor na Inglaterra, por exemplo, passou a ser possível transformar uma dada quantidade de fio em tecido empregando cerca de metade do trabalho de antes. Na verdade, o tecelão manual inglês continuava a precisar do mesmo tempo de trabalho para essa produção, mas agora o produto de sua hora de trabalho individual representava apenas metade da hora de trabalho social e, por isso, seu valor caiu para a metade do anterior. “ 
“Essa força produtiva do trabalho é determinada por múltiplas circunstâncias, dentre outras pelo grau médio de destreza dos trabalhadores, o grau de desenvolvimento da ciência e de sua aplicabilidade tecnológica, a organização social do processo de produção, o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições naturais.”

O trabalho na era da automação  - Laura Tyson (2017)

“Os avanços em inteligência artificial e robótica estão provocando uma nova onda de automação, com máquinas que combinam ou superam os seres humanos numa rapidamente crescente gama de tarefas, inclusive algumas que exigem capacidades cognitivas complexas e educação de nível superior. Esse processo superou as expectativas dos especialistas; não é de surpreender que seus possíveis efeitos negativos sobre a quantidade e a qualidade do emprego levantaram sérias preocupações.”

“Com base nas simulações do estudo, os robôs custam provavelmente cerca de 400 mil postos de trabalho por ano nos EUA. Muitos deles são empregos de renda média na produção, especialmente em setores como o automobilístico, de plásticos e de produtos farmacêuticos.”

“Ao longo dos últimos 30 anos, as mudanças tecnológicas que privilegiam os mais capacitados alimentaram a polarização tanto dos empregos como dos salários, e assim os trabalhadores médios que enfrentam estagnação salarial real e os trabalhadores sem curso superior sofrem um declínio significativo em seus ganhos reais. Essa polarização alimenta a crescente desigualdade na distribuição da renda da mão de obra, o que por sua vez impulsiona o crescimento da desigualdade geral de renda - dinâmica enfatizada por muitos economistas, de David Autor a Thomas Piketty.”

Laura Tyson, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente dos EUA, é professora da Haas School of Business da Universidade da Califórnia


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